Lava Jato avança em esquema que autoridades estrangeiras ainda engatinham

28 de janeiro de 2016 12:21

Ao investigar o escritório de advocacia Mossack Fonseca, com sede no Panamá, suspeito de criar empresas de fachada para clientes em vários países, a Lava Jato chegou a  um suposto esquema global de acobertamento de atividades ilícitas, definido como dos mais complexos apurados ao redor do mundo atualmente.

No Brasil, a Triplo X, mais nova fase da Operação Lava Jato, investiga se a Mossack Fonseca abriu offshores para esconder a propriedade de apartamentos que eram da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), mas, em 2009, acabaram assumidos pela empreiteira OAS.
 

Reportagem da Vice, uma rede global de jornalismo investigativo, mostrou em dezembro de 2014 que investigações internacionais começaram a apontar o Mossack Fonseca como um dos maiores criadores  de empresas de fachada no mundo.
 

A reportagem da Vice a caracteriza como “uma fábrica de empresas-laranja”, que trabalha para oligarcas, que lava dinheiro para ditadores. Contudo, segundo a publicação, a Mossack Fonseca tem usado uma variedade de truques jurídicos e de contabilidade que têm permitido seus clientes a voarem sob o radar.
 

Ouvida durante a produção do artigo, a Mossack vangloriou-se de sua lisura. Segundo investigadores da Lava Jato informaram ao Blog sob a condição de anonimato, trata-se, na verdade, de vangloriar-se por sua impunidade adquirida até aqui.
 

A depender da denúncia desta operação, ainda em produção, a Lava Jato terá avançado sobre esquemas que nem mesmo outras autoridades no mundo alcançaram, embora muitos tivessem pistas de sua existência.

 

Uma investigação em curso em Nevada, nos EUA, envolvendo um fundo, pode desvendar como a Mossack Fonseca teria supostamente desviado dinheiro público, lavando-o através de empresas de fachada, para empresários ligados à família Kirchner, da Argentina. 
 

Na sentença, de março de 2015, o juiz Cam Ferenbach, diz que há “suspeita razoável” de que os empresários argentinos teriam desviado fundos públicos para essas empresas criadas pela Mossack Fonseca e determina mais investigação e obtenção de outros documentos. 
 

Segundo a Vice, a Mossack foi fundada no Panamá, em 1977, pelo alemão Jurgen Mossack e um panamenho chamado Ramón Fonseca, político do país, tendo incorporado mais tarde um terceiro diretor, o advogado suíço Christoph Zollinger. 

 

Desde os anos 70, ainda de acordo com a publicação, o escritório de advocacia tem expandido operações e agora trabalha com escritórios afiliados em 44 países, incluindo Bahamas, Chipre, Hong Kong, Suíça, Brasil, Luxemburgo, Ilhas Virgens Britânicas e os Estados Unidos.