Lavagem de dinheiro do PCC será investigada

1 de abril de 2008 14:16

A ordem para a investigação foi baseda na apreensão da contabilidade da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que estava com Wagner Roberto Raposo Olzon, o Fusca, preso em 28 de fevereiro.

Foi a procuradora que denunciou por tráfico internacional de drogas Olzon e Christian Francisco de Souza. Além da contabilidade do PCC, com os acusados foram apreendidos 2 quilos de cocaína e R$ 674 mil, dinheiro que, segundo a procuradora, foi oferecido aos policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) para que soltassem os acusados.

Cópias da contabilidade do PCC e dos documentos foram enviados também ao Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo. Os promotores estaduais vão apurar a conduta das pessoas citadas nos documentos. Investiga-se uma possível formação de quadrilha ou uma associação para o tráfico.

A contabilidade do PCC, conforme revelou o Estado, mostrou que o faturamento da organização criminosa cresceu 511% em dois anos e meio. A facção arrecada agora R$ 4,8 milhões por mês – em 2005, o faturamento era de R$ 800 mil. Olzon tinha também um relatório de viagem para a Bolívia, no qual descreve o acordo feito com traficantes bolivianos ligados às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para o fornecimento de 1 tonelada de cocaína, de fuzis e de explosivos para atentados. “Os documentos apreendidos demonstram que os denunciados são integrantes de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas”, disse a procuradora.

Por fim, Olzon carregava cópias de transcrições de escutas telefônicas feitas pela inteligência policial. Para o Gaeco, foi o advogado Sérgio Wesley da Cunha, que está preso, quem entregou as cópias a Olzon. Os documentos saíram do processo da Vara de Execuções Criminais sobre a internação no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) dos líderes do PCC Julio Cesar Guedes de Moraes e Daniel Vinícius Canônico. Nas conversas, eles revelaram o plano de montar uma central de escutas clandestinas para vigiar autoridades.

CPI
O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), presidente da CPI dos Grampos, apresenta hoje requerimento de convocação do advogado Wesley para depor sobre a compra de equipamentos para instalação de escuta em telefones de autoridades. A CPI já constatou que 409 mil grampos foram autorizados em 2007 pela Justiça.

A CPI segue três linhas de investigação. A primeira mira grampos legais, com a chancela do Judiciário. A outra apura interceptações ilegais. A terceira é sobre comércio de equipamentos para escuta, a fabricação e a colocação no mercado. “A informação publicada pelo Estado é muito grave. Investigamos se o comércio de aparelhos de escuta é fiscalizado, se passa por algum controle oficial .” Por segurança, a CPI pode vir a São Paulo para ouvir o advogado.