Levantamento mostra 1.819 pontos de risco para exploração sexual

16 de agosto de 2007 14:32

“O roteiro ajuda a nortear o trabalho de policiais e, ao mesmo tempo, incentiva a mobilização dos donos de tais estabelecimentos, que não querem que sua imagem esteja associada à exploração”, afirma o coordenador de controle operacional da Polícia Rodoviária Federal, Alvarez Simões.

Em 2005, foram destacados 844 locais considerados vulneráveis. No ano passado, o número saltou para 1.222 “Não significa que a exploração esteja pior. É o sistema de informação que está mais aprimorado”, completou. O trabalho divulgado hoje mostra que em Minas há maior número de locais de risco identificados: 290. No Amapá, por sua vez, não há dados disponíveis. Pelas informações prestadas, não existem pontos vulneráveis no Estado. “A região vai merecer uma atenção especial a partir de agora. No local, há muitas hidrovias, mas é claro que nas rodovias é possível encontrar pontos onde exploração sexual é praticada.”

Nos pontos indicados como de maior risco de exploração, policiais fazem visitas esporádicas. “Com o carro policial estacionado em frente de um posto, por exemplo, o motorista pensa duas vezes antes de parar e tentar explorar sexualmente algum menor”, assegura.

Além disso, a presença dos policiais também inibe aliciadores a deixarem crianças no local, seja ele restaurante ou um hotel de estrada. Simões acredita que, com a presença de policiamento, motoristas sintam-se desestimulados a tentar encontrar menores em outros pontos da estrada.

“Este é um crime praticado de acordo com a oportunidade. Ao ver o patrulhamento, dificilmente o motorista se arrisca a adiar a parada e procurar outro ponto na estrada.” Ele cita também a rede de informações entre motoristas profissionais. “Notícias de prisões, por exemplo, espalham-se com velocidade impressionante, por meio dos rádios”, conta.

Prisões – O número de prisões aumentou de forma significativa. Em 2006, foram 127. Até julho deste ano, foram registradas 152 prisões. O crescimento, afirma Simões, é resultado da fiscalização e do trabalho de conscientização de que exploração sexual de menores é crime, não fato corriqueiro. “Houve um aumento expressivo de denúncias telefônicas, feitas por meio do serviço Disque 100”, conta.

A coordenadora do Programa de Combate ao Tráfico de Pessoas da OIT, Thaís Dumet Faria, avalia que a vigilância não pode ser reduzida. Mas ressalta a importância de que ela venha acompanhada de um trabalho para proteção das famílias das crianças submetidas à exploração. “Caso contrário, o que ocorre é apenas uma mudança de local onde o crime é praticado ou da forma de aliciamento”, conta. Não é raro, afirma, que o menor seja enviado para casa e, logo em seguida, os pais o mandem novamente para o local onde há a exploração. “Não podemos nos esquecer que, em alguns locais, esta é a única fonte de renda das famílias.” Para que tal rede seja formada, diz, é imprescindível que haja também a colaboração dos donos de estabelecimentos comerciais instalados ao longo das rodovias. (AE)