Liesa contratou empresa de seu presidente

17 de outubro de 2007 10:31

Desde 2001, a liga concede à HBL Hotelaria, Bares e Lanchonetes Ltda e à sua sucessora, a Fabril, o direito de explorar comercialmente os camarotes do setor ímpar (um total de 128 unidades) da Passarela do Samba, considerados os mais rentáveis. Este ano, a Fabril pagou R$ 80 mil pela concessão e teria obtido um lucro líquido de R$ 180 mil. Castanheira não vê problema no contrato: Antes de entrar para a liga, eu já era funcionário da Fabril Rio. Não a coloquei no carnaval.

Além da Fabril, a empresa Jorge Perlingeiro Produções Artísticas, de Jorge Perlingeiro, foi paga no último carnaval para realizar o show de abertura.

Liga fica com 100% da receita publicitária
Em 1995, a prefeitura repassou à Liesa a organização do desfile do Grupo Especial. A entidade fica com 100% da receita publicitária do Sambódromo e a maior parte do dinheiro da venda de ingressos. O Ministério Público estadual afirma que não há justificativa legal para a contratação da Liesa sem licitação, já que outras empresas poderiam cuidar da venda de ingressos, dos sistemas de som e luz, da alimentação etc.

A CPI ouviu ontem também o presidente de honra da Beija-Flor, Aniz Abraão David, o Anísio, o ex-coordenador de jurados Júlio Cesar Guimarães Sobreira (sobrinho de Capitão Guimarães) e a jurada Cris Moura. Capitão, Anísio e Júlio foram presos, este ano, na Operação Hurricane, da Polícia Federal, que investigou a máfia dos caça-níqueis. Nela, agentes acharam indícios de manipulação do resultado do carnaval. Em entrevista ao Fantástico , o delegado Emmanoel Balduíno de Oliveira citou Anísio como envolvido.

Na sessão, a presidente da CPI, vereadora Teresa Bergher (PSDB), leu ofício encaminhado pelo delegado, em que ele indica a existência de gravações feitas no dia 18 de junho, na Operação Rescaldo, que poderiam acrescentar novas informações à comissão.

A PF teria gravado conversa de pouco mais de dois minutos entre Anisinho, filho de Anísio, e um advogado, na qual eles teriam dito que o presidente de honra da Beija-Flor queria a escola desfilando por último a ordem de apresentação é decidida por sorteio, mas a regra permite trocas.

Capitão, Anísio e Júlio afirmaram que não houve manipulação do resultado. Eles disseram que a imagem do carnaval foi manchada e que a PF precisa provar a acusação.

“Meu nome saiu no mundo todo como o bandido do carnaval” disse Anísio.

Júlio se esquivou de responder sobre um suposto envolvimento pessoal com a jurada Cris Moura.

Mesmo que tivesse tido uma relação, isso não modificaria o resultado do carnaval declarou, desafiando que se apresente uma gravação em que ele tenha pedido a ela alguma nota para uma escola.

Os vereadores Jerominho (PMDB) e Nadinho de Rio das Pedras (DEM) defenderam a Liesa.