Liminar suspende obras de transposição do Rio São Francisco

11 de dezembro de 2007 15:10

A decisão foi tomada para que ocorra uma reavaliação das terras indígenas ao longo da Bacia de São Francisco.
Segundo o MPF, o projeto não poderia ter sido aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) por três razões: o aporte hídrico pleiteado para a transposição é alvo de um procedimento administrativo no Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que ainda não foi analisado; o projeto viola o Plano de Recursos Hídricos, pois visa ao aproveitamento para usos econômicos da água; e o projeto viola também os princípios da gestão descentralizada da água e da participação popular.
O bispo de Barra (BA), d. Luiz Flávio Cappio, que está em greve de fome há 15 dias em protesto contra o projeto de transposição, recebeu com alegria a notícia. “A liminar aponta para um final feliz”, acredita o religioso, que está hospedado na Capela de São Francisco, em Sobradinho (BA), 554 quilômetros a noroeste de Salvador.
Apesar disso, o bispo garante que o jejum continua até que as tropas do Exército que tocam as obras, nos municípios de Cabrobó e Alta Floresta, em Pernambuco, sejam definitivamente retiradas dos canteiros.
O presidente Lula deve receber hoje, em Brasília, representantes da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para discutir a greve de fome de d. Luiz Flávio. O bispo disse ontem que ainda acredita em uma solução para a greve de fome: “O Brasil tem muita gente inteligente, não vão deixar para negociar sobre o cadáver de um bispo”.
Ele disse ainda que o governo “fez calar as forças sociais” ao “trair a causa que defendia, tornando-se refém dos grandes”, e apoiou as manifestações do MST e da Via Campesina. Segundo ele, tais mobilizações “são importantes para a redescoberta de identidades pelos próprios movimentos sociais”.