Lobista ligado a Renan recebeu dólares em NY

11 de setembro de 2007 11:07

O Ministério Público e a Polícia Federal identificaram duas remessas para o exterior registradas em nome do empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, que o advogado Bruno Brito Lins cita como lobista e parceiro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em suposto esquema de desvio de recursos em ministérios comandados pelo PMDB. A primeira remessa, de US$ 56,8 mil, foi registrada em 28 de julho de 2000, e a segunda, de US$ 223,8 mil, em 23 de agosto do mesmo ano. Ambas foram dirigidas à conta 3437403468 do Commercial Bank de Nova York.

O dinheiro saiu de uma conta do MTB Bank em nome da empresa offshore Kiesser Investment, sediada no Uruguai, que, conforme investigações da PF, é controlada por doleiros. Renan e Coelho são amigos há quase três décadas. Lins foi casado com a filha do empresário, Flávia, que é funcionária do gabinete do presidente do Senado.

Em seu primeiro depoimento, dado à Polícia Civil do Distrito Federal há um ano, Lins afirmou que Coelho era um lobista político que atuava junto a órgãos governamentais em nome de parlamentares, para conseguir verbas mediante pagamento e recebimento de propinas, muitas recebidas por meio de doleiros que possuem contas no exterior . Segundo Lins, o esquema de pagamentos passaria principalmente pelos bancos Credit Suisse e Commercial Bank de Nova York.

O filho e a mulher de Coelho também figuram nos registros do MTB Bank. Luiz Garcia Coelho Júnior aparece como beneficiário de duas remessas, no total de US$ 37 mil. Uma delas, de US$ 30,6 mil, foi para a mesma conta no Commercial Bank. A mulher de Coelho, Elza Frias, consta como beneficiária de transferências da offshore Kiesser para uma conta no Citibank FSB. As sete transações em nome de Coelho e seus parentes somam US$ 389 mil e foram registradas entre novembro de 1999 e outubro de 2001.

Os registros fazem parte dos documentos levantados nas investigações da PF no caso Banestado, no qual foi identificado esquema de lavagem de dinheiro por meio de contas de empresas de fachada, com sede em paraísos fiscais, que tinham como procuradores legais doleiros brasileiros. Várias contas eram de agências do Banestado, do MTB e do Merchants Bank.

O advogado de Coelho, Antônio Carlos de Almeida Castro, informou que a mulher e o filho de seu cliente moraram nos Estados Unidos muitos anos, inclusive no período das transações. Por isso, tinham contas no país legalmente. Ele negou a existência de qualquer transação irregular. Também negou as outras acusações. Disse que Coelho não tem conta no exterior, não recebeu ou pagou propinas nem usou doleiros. Segundo ele, faz acusações falsas, movido por problemas pessoais.

Na semana passada, Lins repetiu à PF o que disse em 2006 e que Coelho chamava Renan de chefe . Ele relatou os três episódios em que, a pedido do ex-sogro, teria buscado dinheiro no BMG, no total de R$ 2,8 milhões. Segundo ele, Renan faria parte do esquema que teria favorecido o banco mineiro em contratos para concessão de empréstimos consignados.

Por sua assessoria, Renan tem dito que no foro e momento adequados provará que as acusações são infundadas. O BMG nega todas as acusações.