Lula sinaliza que Rondeau voltará a chefiar ministério

17 de outubro de 2007 10:08

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a entender ontem no Congo que o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia), afastado durante a Operação Navalha da Polícia Federal, voltará ao cargo caso não seja denunciado pelo Ministério Público: “Temo que os que acusaram o Silas é que vão ter que prestar uma boa explicação. Vamos aguardar”.

Segundo Lula, “o ministério está lá funcionando normalmente com o Nelson Hubner [interino]. Eu estou obviamente esperando que haja manifestação do Ministério Público, porque aquela história do Silas não ficou bem explicada”. Cobrado pelos repórteres a explicar se Silas recuperará o cargo, Lula sai pela tangente: “Vamos esperar. É mais prudente”.

Acusado pela Polícia Federal de ter se beneficiado de contratos com a empreiteira Gautama, de Zuleido Veras, Rondeau está convicto de que voltará ao ministério. Ele acredita que não será denunciado pelo Ministério Público Federal. Ao longo de cinco meses fora da pasta, Rondeau esteve duas vezes com Lula, sempre em finais de semana. Em ambos, Lula reafirmou a palavra: sem denúncia, ele voltará à pasta.

Rondeau deixou o cargo “a pedido” após ser acusado pela PF, em meio à Operação Navalha, de receber um suposto pagamento de propina de R$ 100 mil do esquema. “Eu estou absolutamente confiante de que não devo nada com respeito a esse processo e que vou voltar”, disse Rondeau a um amigo: “[Quando eu saí], terminei minha carta para o presidente Lula dizendo: eu confio em Deus e na Justiça. E as coisas estão se confirmando desta forma. Deus não me abandonou e acredito na Justiça”, disse.

Enquanto a situação não se decide, Rondeau segue em vida reclusa em Brasília, interrompida vez por outra por visitas que faz ao seu padrinho político, o senador José Sarney (PMDB-AP), e para participar das reuniões dos conselhos de administração de Itaipu e Petrobras -ao todo, ele recebe cerca de R$ 17 mil mensais.

Com 30 anos no setor elétrico, recebeu convites da iniciativa privada, mas recusou: “Minha grande preocupação é comprovar a minha inocência e a grande injustiça que fizeram”. (FÁBIO ZANINI E ANDRÉA MICHAEL)