Maconha X Álcool

17 de março de 2014 10:57

Foi como SSP/RS que tomei conhecimento dos malefícios do álcool em nossa sociedade, a droga que mais gera violência! Destaco os homicídios, as mortes e lesões graves no transito e a violência contra a mulher! Os índices são alarmantes! Sem 'menos importância' as lesões corporais, danos, vandalismo etc. O alcoolismo, como doença, o INSS já ampara e todos nós pagamos a conta. A convite, participei de uma sessão do Grupo dos “AA”. Quem assiste, vê os dramas de cada um, em especial de seus familiares. São verdadeiros sobreviventes de uma guerra! Quem deveria participar de um evento desses são os donos das indústrias de bebidas alcoólicas, os artistas e astros da televisão, da música ou do esporte que são pagos por eles para divulgarem as “vantagens” de beber. Inexiste o ex-alcoólatra! Este sequer pode tomar um gole de cerveja, após o tratamento, senão tudo volta à estaca zero!

Diz o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID: as drogas lícitas são as mais consumidas e com o maior número de dependentes. Na última pesquisa, apenas 0,1% da população havia usado crack, 0,7% cocaína, 2,6% usaram maconha; e 49,8%, álcool!

A respeito da revogação do TJ/DF sobre a decisão do juiz que absolveu o traficante, é bom que se diga que, neste país, se tem a sensação de que quem faz a grande maioria das justiças é o JUIZ DE DIREITO, em primeiro grau. E nossos Tribunais? Seriam de 'Justiça', mesmo? Quando não revogam, amenizam a sentença! Parece que está invertido! O Juiz é o "Juiz de Justiça" e o Tribunal é o "Tribunal de Direito"! Bem, deixo claro que não sou a favor da liberação da maconha e de nenhuma outra droga que cause dependência física ou psíquica. Agora, a hipocrisia e a indignação é considerar o ÁLCOOL LIBERADO e a MACONHA PROIBIDA! Só é proibida, hoje, porque consta da lista (E) da ANVISA como "Plantas proscritas que 'PODEM’ originar substâncias entorpecentes". Repito: PODEM! Ora, se o álcool é muito mais nocivo à saúde física e mental do que a maconha porque não liberá-la? Ou então, proibir o álcool!  Mas, é elementar o raciocínio: é muito mais fácil liberar a maconha do que proibir o álcool! Proibir o álcool? Utopia! Tanto o álcool quanto o fumo são consumos milenares pela humanidade! São drogas aceitas “socialmente”…

A propósito, no Jornal O SUL, pág 3, de 31.01.2014, a primeira manchete: INIMIGO NÚMERO 1 DA MACONHA AGORA É AMIGO DA ERVA! Ex-Agente da DEA, Patrick Moen, passará a trabalhar na Privateer Holding, uma empresa especializada em adquirir negócios na indústria de maconha! Diz: “uma oportunidade incrível para ser parte de um grupo que está ajudando a criar uma indústria e ACELERANDO O FIM DA PROIBIÇÃO DA MACONHA NOS ESTADOS UNIDOS (grifo) permitindo que a DEA concentre seu foco em drogas que são REALMENTE PREJUDICIAIS (grifo)”!   Na mesma página, a segunda manchete: NO BRASIL, ANVISA NÃO DESCARTA APROVAÇÃO DA CANNABIS MEDICINAL! Dirceu Barreto, presidente da ANVISA, diz: “com base na Lei Antidrogas (11.343/06), ela (a maconha) poderia ser autorizada para fins medicinais”. E acrescenta: “o Órgão se baseia em estudos de eficácia e segurança e, se bem avaliado, o produto vai para o mercado”.  Em outro trecho, Lester Grinspoon, professor de psiquiatria da Escola Médica de Harvard, diz: “a maconha será tão disponível quanto a aspirina. Até a década de 1960, eu tinha certeza de que ela era perigosa. Foi depois de me debruçar na literatura que descobri que NÃO HAVIA BASE CIENTÍFICA PARA SUA PROIBIÇÃO (grifo)”. E ele riu da declaração do presidente Obama: “A MACONHA É MUITO MENOS PREJUDICIAL DO QUE O ÁLCOOL” (grifo). E argumenta: “Não deviam nem ser mencionados na mesma sentença”, debocha. Prossegue: “Mais de 50 mil morrem a cada ano em consequência do álcool. Nunca houve uma morte por maconha”.

José Francisco Mallmann
Delegado de Polícia Federal, aposentado.