Mais um preso na 23ª fase da Lava Jato chega à carceragem, em Curitiba
O administrador de uma consultoria financeira ligada à offshore da Odebrecht Vinícius Veiga Borin, um dos presos na 23ª fase da Lava Jato, chegou à carceragem Polícia Federal (PF) na noite de segunda-feira (22). Borin teve um mandado de prisão temporária expedido e foi detido em São Paulo.
O prazo da prisão dele vence na sexta-feira (27) e pode ser prorrogado por mais cinco dias. As autoridades também poderão solicitar a conversão da prisão para preventiva, quando não há prazo para que o investigado deixe a carceragem.
Também chegaram à Superintendência da PF na noite de segunda Benedito Barbosa, que também tem mandado de prisão temporária e é diretor-presidente da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), e Zwi Skornicki – engenheiro apontado como operador do esquema. Ele cumpre prisão preventiva. Os dois foram presos no Rio de Janeiro.
Esta etapa da Lava Jato é chamada de Operação Acarajé, que era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular, de acordo com a PF.
Uma das principais linhas de investigação são os repasses feitos pela empreiteira Odebrecht, um dos alvos da Lava Jato, ao marqueteiro do Partidos os Trabalhadores João Santana. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.
Ao todo, foram expedidos 51 mandados judiciais, sendo 38 de busca e apreensão, dois de prisão preventiva, seis de prisão temporária e cinco de condução coercitiva.
Chegaram ao Brasil
O marqueteiro do PT João Santana desembarcou nesta terça-feira (23) no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo, um dia depois de ter a prisão decretada pela Justiça por receber US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior.
Segundo relatório da PF, João e a esposa ocultaram das autoridades os recursos recebidos no exterior porque tinham conhecimento da "origem espúria" deles. Esse dinheiro foi escondido, conforme o relatório, mediante fraudes e "com a finalidade exclusiva de esconder a origem criminosa dos valores, que, como se viu, provinham da corrupção instituída e enraizada na Petrobras".
Eles chegaram no Aeroporto de Cumbica em um voo da Gol vindo de Punta Cana, na República Dominicana, previsto para chegar às 10h, mas com aterrissagem antecipada para as 9h20.
O advogado de Santana, Fábio Tofic, também estava no voo. O casal vai ser levado em um avião da Polícia Federal para Curitiba.
A suspeita é de que, usando uma conta secreta no exterior, o publicitário João Santana teria recebido dinheiro da Odebrecht e do engenheiro Zwi Skornicki, representante oficial no Brasil do estaleiro Keppel Fels, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Ainda na segunda, o juiz federal Sérgio Moro pediu o bloqueio de R$ 25 milhões de João Santana e de R$ 25 milhões da mulher dele, Mônica Moura.
Maria Lúcia Guimarães Tavares, que foi presa na Bahia e é funcionária da Odebrecht, também deve chegar à capital paranaense na noite desta terça.
Ainda não foram presos
Marcelo Rodrigues, suposto operador do esquema – prisão temporária
Fernando Migliaccio, ex-funcionário da Odebrecht – prisão preventiva
A informação da PF é de Marcelo não foi localizado porque não estava em casa. Ele pediu a revogação da prisão, mas o juiz ainda não se pronunciou.
No documento, os advogados sustentam que o juiz Sérgio Moro pediu a prisão "para evitar que, durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, haja qualquer perturbação na colheita e exame dos documentos pela Polícia" e, como os mandados já forma cumpridos, não há razão para que seja mantida a prisão.
Já Fernando Migliaccio, estaria no exterior, de acordo com os policiais.
Marqueteiro do PT
O publicitário João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Investigadores suspeitam que ele foi pago, por serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores (PT), com propina oriunda de contratos da Petrobras.
Novos indícios contra Marcelo Odebrecht
Investigadores descobriram mais indícios do envolvimento de Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que está preso desde junho de 2015, no esquema investigado na Lava Jato. Ele teria controle sobre pagamentos feitos por meio de offshores ao publicitário João Santana, ao ex-ministro José Dirceux, além de funcionários públicos da Argentina.
O MPF fez um novo pedido de prisão preventiva de Marcelo Odebrecht, mas ele foi indeferido pelo juiz Sérgio Morox. Segundo o procurador Carlos Lima, há indícios de que o empresário tentou transferir funcionários para o exterior, para dificultar as investigações em torno da Odebrecht.
Esta etapa da Lava Jato identificou novos operadores de propina na empreiteira: Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares. Eles faziam os pagamentos ilegais por meio das offshores Klienfeld e Innovation, ligadas à Odebrecht, segundo as investigações.
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