Mensalão em Minas tem outro nome

2 de outubro de 2007 12:06

No inquérito que investigou o chamado mensalão mineiro durante a campanha frustrada à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, a Polícia Federal indicou que os depósitos nas contas de Tolentino e de sua mulher, Vera Maria Tolentino, saíram de empresas estatais mineiras “desviados para o caixa de coordenação financeira da campanha”.

O advogado, que divide escritório com Valério, na Zona Sul de Belo Horizonte, atuou como juiz eleitoral de 1998 a 2000. Ele negou que no período tivesse votado “sistematicamente” a favor da coligação do governador tucano, conforme matéria publicada ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Contatado, Tolentino indicou a assessoria de imprensa de Valério para falar em seu nome. “Eu não respondo sobre esse assunto.” A assessoria negou que o advogado tenha recebido recursos do “valerioduto mineiro”. “São (pagamentos) referentes a honorários que estavam quatro anos atrasados.”

Os pagamentos, de acordo com a versão, estavam atrasados desde a morte de um dos sócios da empresa, Maurício Moreira, em 1994. Conforme a assessoria, Tolentino atuava como advogado da SMPB desde 1989, antes de Valério se tornar sócio da agência de publicidade. “Nada começou em 1998.” Os depósitos na conta da mulher dele tinham por objetivo evitar cobrança de CPMF ou eram feitos “por comodidade”.

No relatório da PF, o delegado Luís Flávio Zampronha afirma que o advogado possivelmente justificaria os pagamentos como “supostos serviços de consultoria jurídica”. O relatório observa que Tolentino “não faz parte do quadro societário das empresas diretamente evolvidas nas fraudes” – DNA e SMPB. Afirma, porém, que as análises financeiras indicaram que ele “foi sistematicamente beneficiado com recursos públicos desviados, recebendo pagamentos em valores idênticos aos demais envolvidos em diversas operações ilícitas realizadas, a demonstrar sua participação direta nos fatos”.

Em relação à atuação de Tolentino como juiz eleitoral, a assessoria negou a sistemática favorável a Azeredo. “Ele não votou sistematicamente a favor. O voto dependia do objeto do julgamento. Outros juízes votaram a favor e teve vez que ele votou contra.” Tolentino, por meio da assessoria, informou que foi relator da prestação de contas da coligação que apoiou o candidato vitorioso na disputa: o ex-presidente Itamar Franco. Alegou ainda que a Corte Eleitoral era formada por sete juízes e que as contas, tanto de Azeredo como de Itamar, foram aprovadas.

Um dos personagens mais próximos de Valério – tendo já atuado como seu advogado -, Tolentino é réu do mensalão petista e responde pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.