Ministério Público apura se assessor de Renan usou gabinete para crimes

14 de setembro de 2007 11:26

De acordo com o Ministério Público, o ex-servidor Francisco Sampaio de Carvalho movimentou uma conta no paraíso fiscal da ilha Grand Cayman, no Caribe, a partir de um fax instalado na Presidência, já na gestão de Renan. A conta chegou a registrar R$ 11,1 milhões.

O caso foi revelado pela Folha em maio do ano passado e gerou um embate entre o Ministério Público e a Polícia Federal. Após analisar extratos, autorizações para a compra de ações no exterior e relatórios bancários dos investimentos, entre originais e cópias -muitos com a assinatura de Sampaio-, o Ministério Público encaminhou a documentação à PF em junho do ano passado, para que as investigações fossem aprofundadas. Até agora, não foi instaurado inquérito.

O Ministério Público quer os papéis de volta para conduzir as investigações. “Documentos originais com indícios da prática dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, sem prejuízo de outros como peculato, já que constata-se o envio ou recebimento de faxes relativos a operações financeiras por meio de telefones provavelmente do Senado”, diz documento do Ministério Público.

Segundo a Folha apurou, confirmou-se que os números dos aparelhos de fax eram da liderança do PMDB e da presidência do Senado. Sampaio era homem de confiança de Renan no Senado. Quando Renan era o líder do PMDB na Casa, Sampaio trabalhou na liderança do PMDB. Em 2005, Renan levou Sampaio para atuar na consultoria da presidência do Senado.

Dos papéis que passaram pelos procuradores e pela equipe técnica do Ministério Público, cinco foram recebidos em maio de 2005 pelo fax da Consultoria de Coordenação Técnica e Relações Institucionais da presidência do Senado, onde Carvalho trabalhava. Sampaio pediu demissão do cargo em meio à apuração do caso.

Ontem, Sampaio disse não ter nada a declarar. No ano passado, ele negara a autoria das assinaturas nos papéis e disse não ter mantido, transferido recursos ou adquirido ações no exterior. Na ocasião, apresentou sua declaração de Imposto de Renda de 2004, da qual não havia informação sobre ações nem contas no exterior.

Procurado por meio de sua assessoria, Renan não telefonou de volta. No ano passado, negou relação com Sampaio ou com contas no exterior.