Ministro dá explicações a procurador

19 de setembro de 2007 12:02

O nome de Walfrido aparece como operador de um esquema semelhante ao valerioduto do PT, envolvendo os mesmos personagens – Marcos Valério, SMP&B e Banco Rural – para arrecadar cerca de R$ 100 milhões para a campanha de reeleição de Azeredo ao governo de Minas, com distribuição de verbas para outros candidatos dos partidos aliados ao PSDB. Antes do encontro com o procurador, Walfrido negou qualquer participação na campanha do tucano. “Eu não era coordenador geral nem tampouco cuidava da parte financeira na campanha de 1998”, declarou Walfrido.

O ministro, que segundo pessoas próximas vive momentos de tensão desde o fim de semana, quando a revista “IstoÉ” vazou trechos de um relatório da Polícia Federal apontando a participação dele no esquema, repetiu que contribuiu com a campanha de Azeredo apenas no segundo turno de 1998, assim mesmo com recursos de natureza pessoal. “Eu participei, sim, da campanha de Azeredo em 1994, quando era vice-governador na chapa do PSDB”. Quatro anos depois, o petebista alega que estava trabalhando pela sua eleição a deputado.

Walfrido passou ontem o dia buscando defender-se das acusações que pesam contra ele. Logo no início da manhã, foi ao Palácio da Alvorada, conversar com o presidente Lula, que chegara de madrugada de sua viagem pelos países nórdicos e Espanha.

Além da pauta legislativa ordinária – a CPMF – Walfrido buscou tranqüilizar o presidente, alegando que todas as informações contidas no relatório da PF são infundadas. Uma nova conversa aconteceu instantes antes da reunião da coordenação política. “O presidente é muito companheiro. Como sempre, ele demonstrou amizade, solidariedade e confiança”, acrescentou o ministro. Segundo assessores do Planalto, Lula teria ficado satisfeito com as explicações dadas pelo petebista mineiro e afirmou que irá aguardar “o desdobramento do caso”.

O relatório da PF apontou também que a empresa Samos Participação Ltda, de propriedade de Walfrido, realizou um empréstimo em 2002, no valor de R$ 511 mil, junto ao Banco Rural, para saldar um débito da campanha de Azeredo com Marcos Valério. A dívida foi feita durante a campanha de 1998. Walfrido solicitou que a consultoria Pricewaterhouse fizesse toda a auditoria das contas da empresa. Segundo o ministro, a Samos foi constituída em 2002, depois da venda da Biobrás – a maior fabricante de insulinas da América Latina – para a dinamarquesa Novo Nordisk, para administrar o patrimônio familiar. “É uma empresa de ativos, para evitar que o patrimônio da família se perca”, costuma dizer Walfrido. O ministro também afirmou que está disposto a ser investigado pela Receita Federal, para mostrar que não há irregularidades nas relações fiscais e tributárias da empresa.

Pelo menos por enquanto, o ministro não cogita pedir licença do cargo. Repete ser inocente e alega que, se tivesse alguma culpa no episódio, não teria aceito o convite do presidente Lula para assumir o Ministério das Relações Institucionais. Mas o Planalto teme que o procurador Antonio Fernando de Souza apresente uma denúncia contra Walfrido. O procurador denunciou os 40 envolvidos no escândalo do mensalão petista e todos acabaram tornando-se réus no Supremo Tribunal Federal (STF).