Museus são orientados pela PF

11 de janeiro de 2008 11:40

Um estudo feito pela Polícia Federal a pedido do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre deficiências na segurança de seis museus fluminenses tem servido de base para a implementação de melhorias.

Os museus são o Nacional de Belas Artes, da República, do Açude, da Chácara do Céu, Histórico Nacional e Imperial, todos na cidade do Rio, exceto o último, em Petrópolis. O relatório da polícia foi entregue ao Iphan, autarquia federal à qual esses museus estão subordinados, em abril do ano passado.

Segundo o diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do Iphan, José do Nascimento Júnior, o resultado tem sido um investimento em segurança que, do ano passado ao fim deste ano, chegará a quase R$ 2 milhões.

Ele se recusa a comentar detalhes do relatório por considerar as informações sigilosas, mas fala sobre as melhorias feitas: mais organização entre os seguranças, que têm recebido treinamento especializado, e modernização dos equipamentos de vigilância.

Uma visita do GLOBO feita ontem a dois dos principais museus do Iphan no Rio revelou, contudo, que ainda há trabalho a ser feito. No Museu da Chácara do Céu, um vigia pede a identidade dos visitantes que entram de carro, mas se satisfaz com o número do documento ditado pelo motorista, sem conferir a carteira. Não há detector de metais na entrada e, apesar da vigilância atenta durante boa parte da visita, houve um momento em que o repórter ficou dez minutos sozinho numa sala com obras de Ivan Serpa, Lasar Segall, Djanira, Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e outros artistas.

No Museu Nacional de Belas Artes, a fiscalização é constante.

A diretora, Mônica Xexéo, conta que, desde 2006, aumentou em 30% o efetivo de seguranças.

Faltam, porém, câmeras em algumas salas.

Em 2006, depois de um roubo no Museu da Chácara do Céu, O GLOBO fez um teste: tentou entrar com uma tesoura e outros objetos de metal em vários museus cariocas e conseguiu. Nada foi feito ainda para mudar isso.

Sobre a instalação de detectores, Nascimento é reticente:  O Brasil é um caso distinto.

Não tem ameaça de terrorismo como em outros países. Os detectores de metal podem inibir a entrada do público interessado em arte e não teriam qualquer utilidade numa situação como a que ocorreu no Chácara do Céu. Se chega uma gangue com metralhadora e granadas, de que serve o detector? O segurança vai deixar entrar.

Os seguranças de museus do Iphan trabalham desarmados.

Nascimento cobra da Secretaria de Segurança do Estado do Rio uma resposta sobre uma proposta de convênio feita no fim de 2006 que integraria a Polícia Militar aos museus.