Novamente, o leite
De acordo com a perito criminal da PF de Brasília, Jorge Zacca, que participou da reunião do Programa de Monitoramento da Qualidade do Leite em Pernambuco, fabricantes costumam aumentar o volume do produto utilizando água ou o soro do próprio leite na composição.
Vamos pesquisar os materiais recolhidos pela Apevisa e identificar o teor das substâncias alcalinas acima do nível estipulado pelo Ministério da Agricultura. Até agora, não sabemos o que foi usado na composição do leite, afirmou. Zacca participou da Operação Ouro Branco, deflagrada em outubro do ano passado pela PF, para desmontar um esquema de adulteração praticado pelas cooperativas Coopervale e Casmil, em Minas Gerais.
Na época, autuamos as cooperativas imediatamente, porque identificamos as substâncias ilícitas usadas na produção do leite. Aqui, os testes mostram que há uma alteração, mas não apontam qual químico foi usado. As empresas mineiras adicionavam soda cáustica e água oxigenada ao leite para aumentar a sua longevidade. Vinte e sete pessoas chegaram a ser detidas durante as investigações.
O uso de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) é uma das fraudes mais praticadas entre nas cooperativas. O produto químico elimina os microrganismos e faz baixar o índice de acidez do leite. Para elevar novamente o pH, atingindo os níveis exigidos pelos órgãos reguladores, fabricantes adicionam nova substância básica capaz de subir o nível de alcalinidade.
Saúde
Além de reduzir o valor nutricional, o processo pode afetar, por exemplo, pessoas hipertensas, que têm problemas com o consumo de sódio. Mas até agora não há motivo para preocupação, pois não conhecemos quais químicos foram aplicados ao leite, explicou Zacca. Materiais coletados pelo Lacen também serão investigados pelo Ministério da Saúde.