O caixa dois das campanhas eleitorais

2 de junho de 2008 09:29

A apreensão de documentos e computadores na Operação Telhado de Vidro – que em março prendeu 14 pessoas suspeitas de corrupção e afastou o prefeito de Campos, Alexandre Mocaiber (PSB) – levou a Polícia Federal e o Ministério Público federal a investigar um suposto esquema de caixa dois, em campanhas eleitorais, que envolveria políticos de Campos e deputados estaduais e federais do Rio.

Nomes de investigados apareceram também durante a Operação Segurança Pública S/A, que denunciou 16 pessoas, entre elas o ex-governador Anthony Garotinho, e levou à prisão o deputado estadual Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil.

O jornalista Elio Gaspari revelou ontem, em sua coluna no GLOBO, que o número de parlamentares estaduais e federais investigados pelo Ministério Público federal pode chegar a 20.

Lista de doações a políticos
Na Operação Telhado de Vidro, 14 foram presos por suspeita de integrarem uma quadrilha que fraudava licitações públicas para a contratação de serviços terceirizados. O dinheiro alimentaria o caixa dois de campanhas. Afastado, Mocaiber conseguiu uma liminar e voltou ao cargo. Ele e outras 20 pessoas tiveram os bens seqüestrados. Um dos alvos foi o ex-deputado estadual Claudecis da Silva, o Claudecis da Ambulância, de quem a PF teria recolhido parte dos documentos, que são analisados agora por procuradores do MP federal.

Na semana passada, a Operação Telhado de Vidro começou a dar frutos: o MP pediu à Justiça o afastamento e o seqüestro de bens dos 17 vereadores de Campos, acusados de desviar R$15 milhões da prefeitura e manter em gabinetes 500 funcionários não concursados.

Em abril de 2007, durante a Operação Hurricane, a Polícia Federal apreendeu na casa de um contador da máfia dos caça-níqueis uma lista de doações feitas a políticos em 2001 e 2002. Como O GLOBO revelou em junho de 2007, entre os citados estão Álvaro Lins; os deputados federais Josias Quintal e Solange Amaral; Benedita da Silva (então governadora do Rio); o ex-deputado federal Bispo Rodrigues; o deputado estadual Domingos Brazão; e Rosinha Garotinho (na ocasião, candidata a governadora).