O componente técnico na Polícia Federal
Não poderia ocorrer sem polêmica a mudança no comando do Ministério da Justiça. Não que a troca de nome seja um fato inusual, mas a forma como a substituição ocorreu gerou controvérsias. José Eduardo Cardozo teria caído por pressão de seu próprio partido, o PT. Para a sigla, o ministro seria o culpado por não interferir na atuação da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato.
Essa situação gerou várias especulações. A principal e mais relevante aponta que o novo ministro da Justiça, o procurador do Ministério Público da Bahia, Wellington César Lima e Silva, foi para o cargo para cumprir uma tarefa política de interesse do Partido dos Trabalhadores. No caso, estabelecer obstáculos para que a Polícia Federal realize seu trabalho de investigação.
O novo ministro tratou de dar uma resposta e o fez de forma correta. Em sua primeira entrevista, Lima e Silva se colocou como uma opção (para o cargo de ministro) de “natureza técnica”. Especificamente acerca da Polícia Federal, garantiu que vai manter no cargo o atual diretor-geral Leandro Daielo, no cargo desde 2010.
Daielo é um profissional conhecido como articulador de uma lei, aprovada em 2014, que garante a composição técnica no comando da Polícia Federal. No caso, a regra que determina que o comando da PF só seja ocupado por delegados que estão no último nível da carreira. Sem dúvida, uma boa proteção contra ingerências políticas.
De todo modo, será um escândalo sem proporções se houver tentativas de ingerências políticas no trabalho da Polícia Federal. Esta deve permanecer autônoma e financeiramente saudável para exercer suas importantes funções que, até a chegada da Lava Jato, sempre foram exaltadas pelo PT e pelo Governo.
O clamor de petistas de alta patente contra a desenvoltura da Polícia Federal na Lava Jato contrasta com o discurso de que os governos do partido merecem elogios pela liberdade de ação da mesma verificada nos últimos anos. Oriundo do Ministério Público, o novo ministro certamente sabe que só é possível construir um país moderno com uma Polícia Federal bem treinada, bem equipada e livre de ingerências políticas.