O delegado que inspirou “A Teia”
Em entrevista ao veículo Isto é Independente, o ex-delegado da Polícia Federal, Antonio Celso dos Santos, 55 anos, hoje membro da diretoria da ADPF, diz que investigar um crime "é como montar um quebra-cabeça", referindo-se ao maior roubo a banco do País, que ajudou a desvendar o assalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005, crime que virou filme. O objetivo era prender os bandidos e recuperar o dinheiro roubado, cerca de R$ 165 milhões. Treze anos se passaram desde que ele assumiu a chefia do Núcleo de Combate ao Crime Organizado e Delitos Patrimoniais (Nucopa) da Polícia Federal e hoje sua trajetória inspira a série “A Teia”, transmitida pela Rede Globo e com roteiro de Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho. Em comum com o personagem, vivido pelo ator João Miguel, Santos afirma ter empenho ao presidir uma investigação. “Gosto do desafio de solucionar um crime a partir dos indícios que vão surgindo e me permitem montar a teia”, diz.
Filho de nordestinos, Celso dos Santos nasceu no interior de São Paulo e começou a estudar para concursos públicos ainda adolescente. Entre 1982 e 1997, exerceu os cargos de Agente de Polícia e Delegado, ambos na Polícia Civil do DF. Em 97, assumiu o cargo de delegado da Polícia Federal e adotou como estratégia profissional a incansável busca por informações. “Seu traço principal é a obstinação pelo trabalho”, afirma Getúlio Bezerra, diretor da DCOR e que foi seu chefe imediato entre 2003 e 2007. O trabalho de Santos despertou a curiosidade da cinegrafista Luciana Burlamaqui, única pessoa de fora da equipe a ter acesso às investigações do assalto ao Banco Central de Fortaleza. “Paciência, persistência e foco eram seus lemas. Não havia uma política de vingança”, afirma. Segundo a roteirista Carolina Kotscho, Santos é a antítese do Capitão Nascimento, de “Tropa de Elite”. “Ele tem um lado intelectual, estuda cada caso para que o resultado seja o melhor possível”, diz.
Atualmente longe da rotina das investigações, ele usa o tempo livre para se dedicar à leitura e à saúde e revela a fórmula na qual acredita: “Prisão espetacular é aquela em que o mais perigoso meliante é preso sem que as pessoas ao redor nem sequer percebam o que está acontecendo, sem violência”, diz ele, que acompanhou como consultor todo o processo de criação do roteiro, gravações e montagem dos episódios.