O lobinho sonega impostos?
O Ministério Público do Maranhão investiga se o suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA) é sócio oculto da distribuidora de bebidas Itumar, empresa que comandaria uma rede de sonegação de impostos no Maranhão. A Itumar, segundo a Promotoria, sonegou R$ 42 milhões desde 2000.
Lobão Filho deve assumir uma vaga no Senado com a provável nomeação de seu pai, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), para comandar o Ministério de Minas e Energia.
Sediada em São Luís (MA), a Itumar tem como procurador o empresário Marco Antonio Pires da Costa. Ontem, Lobão Filho divulgou nota informando que Costa era seu “verdadeiro sócio” em outra distribuidora de bebidas, chamada Bemar. Essa empresa funcionava no mesmo endereço da Itumar.
O suplente disse que transferiu suas cotas na Bemar para uma pessoa chamada Maria Lúcia Martins e para a mãe de Costa, Maria Vicentina Pires Costa, que completa 80 anos em julho. No entanto, segundo dados da Junta Comercial do Maranhão, Maria Vicentina é sócia da Itumar (com 99,17% do capital), e não da Bemar.
Laudo da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso, aponta que as ações de Lobão Filho na Bemar foram transferidas para Maria Lúcia Martins, empregada doméstica que trabalhava para Costa. Na transferência, a assinatura de Lúcia foi falsificada, diz o laudo da PF.
O caso da Bemar foi revelado pela revista “Veja”. Segundo a reportagem, Lobão Filho disse que, “se pudesse voltar atrás, diria para não botar minha participação por meio de laranjas”. Ele nega essa declaração.
A suspeita de que a Itumar pertence na verdade a Lobão Filho surgiu em 2001, quando funcionários da empresa disseram à Folha que o dono era ele. Com o caso Bemar, as suspeitas vieram à tona novamente. O inquérito que apura a sonegação de R$ 42 milhões da Itumar está parado. A empresa conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Maranhão para suspender a investigação, alegando que está pagando o débito, diz a Promotoria.
O Ministério Público informou à Folha que segue na investigação e tenta derrubar a liminar. O inquérito, segundo a Promotoria, não foi arquivado. Ainda conforme a Promotoria, a Itumar comandava uma rede de 205 empresas que sonegavam impostos. O esquema começou a ser investigado em 2000, quando foi descoberto que o registro de notas fiscais eram apagados dos computadores da Secretaria Estadual de Fazenda. Assim, a dívida de impostos “desaparecia” do fisco. Só a Itumar sonegou R$ 3 milhões, diz a Promotoria. Somando outras fraudes, o rombo chegaria aos R$ 42 milhões.
A Bemar, oficialmente de Lobão Filho, deve R$ 7 milhões em impostos, diz Maria Luiza Thiago de Almeida. Ela era sócia dele na Bemar e é ex-mulher de Marco Antonio Costa, o procurador da Itumar. Para fugir das dívidas, Lobão Filho teria transferido as ações para uma empregada doméstica. Mais uma vez, ele nega.