O patrimônio do Alemão: ia tudo muito bem

29 de fevereiro de 2008 11:00

A devassa que a Polícia Federal começou a fazer nos negócios do assaltante Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, já revelou que o dinheiro recebido pelo acusado de liderar o roubo do Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005, foi aplicado praticamente em imóveis espalhados por Brasília, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A PF ainda está calculando o valor do patrimônio.

Alemão teria recebido R$ 10 milhões, dos R$ 164 milhões levados do BC. Além de uma casa do Riacho Fundo II, investigadores encontraram outra residência, desta vez no Recanto das Emas, onde ele vendia produtos regionais do Norte e Nordeste.

Até agora, a PF rastreou nove imóveis que seriam de Alemão, além de seis carros, uma lancha, um jet ski, uma moto e jóias. Segundo o delegado Antônio Celso dos Santos, que coordena as investigações do roubo do Banco Central, existe a possibilidade de existirem outros bens, mas poucas chances de estarem registrados como se fossem de Alemão. Com os documentos apreendidos até agora, vamos passar a verificar as ligações dele com outras pessoas, com as quais tinha relação, informou Santos.

A PF fez pelo menos mais 60 prisões além dos 26 assaltantes, quase todos apontados como laranjas ou pessoas que tiveram contato com a quadrilha depois do roubo. Quanto mais o tempo passa, mais laranjas aparecem, explica o delegado, ressaltando que essa foi uma das razões que motivaram a descentralização das investigações. A PF repartiu o grupo em células e ramificações. Por isso, nem todos os envolvidos foram presos ao mesmo tempo, juntos ou em uma mesma região.

Dinheiro recuperado
Alemão foi preso no Pistão Sul e depois levado à sua casa, onde morava havia pelo menos oito meses, no Riacho Fundo II. Analisando documentos apreendidos, a PF descobriu uma outra propriedade no Recanto das Emas, cuja localização os investigadores não revelam. No DF, também foram apreendidos dois carros e uma moto, além de jóias diversas.

A PF descobriu que Alemão havia feito um empréstimo recente de R$ 200 mil para um suposto laranja. O dinheiro foi recuperado pelos policiais, que prenderam mais três pessoas na quarta-feira. Antes, a PF tinha apreendido R$ 80 mil em um cofre escondido embaixo de um fogão.

Ele também estaria tentando lavar dinheiro com agências de automóveis, que pensava em montar em nome de laranjas. A PF está investigando a informação. Ontem, a associação de concessionárias de veículos do DF esclareceu que o setor só vende veículos de uma mesma marca e tem um rígido controle por parte do governo.

Ontem, a PF começou a apreender os bens que estavam em um sítio de Alemão na estrada que liga Cocalzinho a Niquelândia (GO). Conforme o delegado, Alemão comprou as terras limpas. Ao invés de adquirir o sítio já estruturado, ele montou tudo, uma forma de despistar a aplicação do dinheiro, explica Santos.

No Mato Grosso do Sul, os policiais confirmaram que Alemão tinha dois postos de gasolina em nome de terceiros, uma casa em Nova Andradina e uma fazenda de criação de cavalos. Em espécie, foram apreendidos R$ 116 mil em Campo Grande. No Mato Grosso, mantinha uma mansão à beira do Lago Manso, um sítio e uma casa com piscina em Cuiabá. Segundo o delegado, todos os bens já estão seqüestrados pela Justiça.