Operação Águas Profundas

25 de janeiro de 2008 10:12

A empresária e artista plástica Lillian Rose Mac Dougell Sterea, mulher de Fernando da Cunha Sterea, um dos sócios da empresa Angraporto – envolvida no processo fraudulento – atirou-se do 15º andar do hotel Sheraton, na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca (Zona Oeste).

De acordo com informações da 16ª DP (Barra), Lillian chegou ao hotel às 11h50 e pediu um apartamento que estivesse disponível no andar mais alto do prédio. Portando apenas uma bolsa, ela subiu, solicitou à camareira papel e caneta e fez uma refeição. Por volta das 15h, Lillian encostou uma cadeira na varanda e pulou.

A notícia, e especialmente as circunstâncias, chocaram a alta sociedade carioca, na qual a empresária, oriunda de família tradicional e respeitada, era muito querida.
Ainda segundo a polícia, Lillian deixou no apartamento do hotel, além de anéis, cordões e óculos, um bilhete escrito de próprio punho determinando a partilha de seus bens entre os dois filhos.

Lillian tinha 44 anos e estava separada de Fernando da Cunha Sterea desde que o marido foi preso pela PF. Segundo amigos, ela não conhecia os termos das negociações do marido com a Petrobras e ficou chocada quando agentes invadiram sua casa durante a operação Águas Profundas. Os dois se separaram logo depois. Depois de algumas semanas, Fernando foi libertado, segundo seus advogados por ordem do juiz da 4ª Vara Federal.

Deprimida, Lillian chegou a ser internada na Clínica São Vicente, de onde, segundo Fernando, ela teria fugido no último domingo.

– Somos casados há 22 anos, o que eu posso dizer? – afirmou Fernando. – Temos dois filhos. Foi algo tão contundente pra todos que não tenho nada a dizer. Foi um ato de uma pessoa doente. Ela fugiu da clínica, ninguém achava.

A carreira
Lillian iniciou sua formação nas áreas administrativa e comercial em 1982. Logo exerceu ascendeu no Grupo Chocolate. Passou por vários setores da empresa e aprimorou seus conhecimentos profissionais no período em que esteve nas lojas Bloomingdales de New York.

Paralelamente, apaixonou-se por encadernação. Com sensibilidade trabalhou cores, texturas e design durante aproximadamente 15 anos. Em 1990, criou a papelaria Fashion Lillian Rose, que rapidamente angariou uma clientela fiel. A loja de Ipanema deu origem às da Barra, Gávea e no hotel Copacabana Palace. Empresas grandes passaram a encomendar trabalhos, como brindes para clientes vips.

Em São Paulo, a não menos sofisticada Daslu tornou-se sua cliente e logo vieram representações em Brasília, com desdobramentos nos mercados de Santa Catarina e Minas Gerais. A etapa seguinte foi a exportação para os Estados Unidos e o sul da França.

Lillian também amava a pintura e cursou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Jardim Botânico, que formou artistas de nome no cenário brasileiro e internacional.