Operação Condor

25 de junho de 2008 10:16

A operação foi uma atuação conjunta das ditaduras da América do Sul, com participação do governo americano. A PF deve instaurar inquérito nos próximos dias.

Viñas, perseguido na Argentina por ser do grupo extremista Montoneros, fugiria com a mulher e a filha para a Itália. Ele atravessava o Brasil de ônibus quando foi levado por militares brasileiros em 26 de junho de 1980. Sua mulher o aguardava no aeroporto do Rio. Jamais o reencontrou. Estariam envolvidos o então chefe do Serviço Nacional de Informações no Rio Grande do Sul, coronel Carlos Alberto Ponzi; o então secretário estadual de Segurança, João Leivas Job; Átila Rohrsetzer, então diretor da Divisão Central de Informações; e o delegado Marco Aurélio da Silva Reis.

Dois seqüestros, o mesmo número nas poltronas
O procurador Ivan Cláudio Marx, do Rio Grande do Sul, atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo, que quer abrir investigações em todo o país sobre os desaparecimentos a partir de 1980, já que a Lei da Anistia compreende crimes até 1979. O MPF entende também que a anistia não se aplica a crimes como seqüestro e tortura cometidos por órgãos do governo.

– Até que o seqüestro tenha fim, ou seja, que a vítima ou o corpo apareçam, é um crime em curso. É um crime que não prescreve – disse o advogado Jair Krischke, autor das denúncias sobre o desaparecimento de ítalo-argentinos e ítalo-brasileiros.

Krischke comemorou a iniciativa do MPF de São Paulo, que recomendou à Procuradoria da República no Rio que investigue os desaparecimentos de Horacio Domingo Campiglia e Monica Susana Pinus, em 1980. Ele sentiu falta de uma investigação em Uruguaiana: o desaparecimento do padre Jorge Oscar Adur. O padre argentino desapareceu no mesmo dia em que levaram Viñas e nas mesmas condições. Adur saiu de Bueno Aires para Porto Alegre, onde estava o Papa João Paulo II. Ele denunciaria as atrocidades cometidas pela ditadura argentina.

Krischke disse que tanto o padre quanto Viñas viajavam na poltrona 11 de seus ônibus. A poltrona não foi escolhida pelos passageiros. Para ele, é um indicativo de que eles já estavam sendo seguidos “marcados” pela repressão.