Operação da PF desmonta quadrilha especializada tráfico humano
Belo Horizonte – Doze pessoas foram presas ontem pela Polícia Federal, em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, acusadas de falsificar documentos para o tráfico internacional de pessoas. A quadrilha também é suspeita de facilitar a entrada de brasileiros nos Estados Unidos e depois sequestrá-las para pedir resgate a seus familiares no Brasil.
A Operação Joio, em conjunto com a polícia americana, foi pensada para desmantelar quadrilhas especializadas em emigração ilegal. Foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão preventiva, além de efetuadas 10 prisões e 32 buscas em Governador Valadares, duas buscas em Cuparaque, uma em Conselheiro Pena, outra em Ipatinga, uma prisão e uma busca em Sobrália e uma busca em Quatituba — todas cidades da região —, além de um mandado de busca e apreensão em Vitória (ES).
De acordo com a PF, as investigações começaram no início de maio, quando um dos integrantes da quadrilha foi identificado como responsável pela remessa ilegal de brasileiros ao exterior, falsificando passaportes. Outros 11 foram identificados depois, acusados de crimes de formação de quadrilha ou bando (pena de um a três anos de reclusão), e falsificação de documentos públicos (de dois a seis anos de prisão). Alguns suspeitos foram flagrados, conforme os policiais, formulando uma série de falsificações e poderão ser indiciados mais de uma vez, em penas que chegariam a até 30 anos.
Ainda segundo a PF, sete dos envolvidos são “cônsules” (agenciadores de viagem), e cinco, falsificadores de documentos. “Os criminosos chegavam a cobrar US$ 14 mil para providenciar a viagem”, informou a PF, que interrogou os suspeitos e os encaminhou à cadeia da cidade. Dez dos indiciados são reincidentes na falsificação de documentos públicos.
Em 28 de julho, em Serra (ES), a PF prendeu um suspeito de 40 anos, natural de Conselheiro Pena, que seria o líder de uma quadrilha internacional especializada em levar brasileiros ilegalmente para os Estados Unidos. O suspeito havia morado na Guatemala e no México, de onde comandava os crimes.
A PF de Governador Valadares ressaltou também que brasileiros eram levados para a Guatemala, de onde coiotes — ligados ao mineiro preso em Serra (ES) — os guiavam na travessia do México, até cruzarem a fronteira com os Estados Unidos. Outras pessoas ligadas ao bando sequestravam os brasileiros no Texas. O mineiro de Conselheiro Pena era quem entrava em contato com os parentes das vítimas, segundo a PF, exigindo pagamentos de até US$ 10 mil. As vítimas eram torturadas, ameaçadas com armas e mutiladas. O conselheiro-penense está recolhido na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), à disposição da Justiça Federal, aguardando julgamento por extorsão mediante sequestro, entre outros crimes.
Reincidente
Além da ameaça de sequestro, quem se aventura a entrar ilegalmente nos Estados Unidos corre outros riscos. No fim de agosto, 72 imigrantes foram massacrados por traficantes no México, entre eles os mineiros Hermínio Cardoso dos Santos, 24 anos, de Sardoá, Vale do Rio Doce, e Juliard Aires Fernandes, 20, da mesma região. Segundo a polícia local, as pessoas não concordaram em trabalhar para os narcotraficantes e foram fuziladas.
Em 2 de setembro, outro homem de 32 anos foi preso pela PM em Governador Valadares, acusado de receptação e falsificação de documento público. O material era adulterado na casa dele, onde foi apreendido um computador e duas impressoras. Havia ainda comprovantes de endereço, procurações, históricos escolares em branco, carteiras de identidade falsas, entre outros documentos.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE