Operação Krull da PF prende 13 por tráfico internacional
Carlos Paiva
A Polícia Federal deflagrou nos primeiros minutos de ontem a operação Krull , com o objetivo de desarticular quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas. Cerca de 100 policiais federais cumpriram 16 mandados de prisão e 15 mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás. Foram apreendidos armas de fogo, dinheiro, aviões e veículos.
Um dos envolvidos no furto milionário ao Banco Central em Fortaleza (CE), em 2005, foi preso na operação também por envolvimento com tráfico de drogas. As investigações, realizadas pela Delegacia de Polícia Federal em Uberaba, duraram um ano e meio. A quadrilha movimentava uma tonelada de pasta-base por mês. Cada quilo da droga era vendido por cerca de R$14 mil no atacado.
Conforme o delegado de Polícia Federal em Uberaba, André Gebrim Vieira da Silva, durante entrevista coletiva na manhã de ontem, as investigações chegaram a uma organização criminosa com alto poder econômico, liderada por José Severino da Silva, 45 anos, vulgarmente conhecido como "Cabecinha", traficante que já teria sido um dos principais fornecedores de drogas para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele está cumprindo pena em regime aberto em Juiz de Fora (MG) e estava residindo, na realidade, em Iturama (MG), de onde articulava todos os movimentos do grupo, passando-se por pecuarista.
Também foi preso ontem o desocupado José Almeida Santana, vulgo "Pedro Bó", o qual ficou conhecido pelo envolvimento no furto ao Banco Central de Fortaleza em 2005 e atualmente controlava o tráfico de drogas na segunda maior favela de São Paulo (SP). Dos 16 mandados de prisão, apenas três não foram localizados e são considerados foragidos e podem ser presos a qualquer momento.
De acordo com a autoridade policial federal, "a quadrilha adquiria cocaína na Bolívia e a trazia para o território brasileiro por meio de aeronaves, utilizando pistas de pouso geralmente localizadas na zona rural, nas divisas entre os estados de Minas Gerais e Goiás, ou por via terrestre, entrando no Brasil por Corumbá (MS). A droga era armazenada e posteriormente transportada em veículos com compartimentos ocultos até os compradores finais, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro (RJ). O pagamento pela droga era feito através de envio ou coleta de dinheiro (reais ou dólares), depósitos em contas bancárias próprias ou de terceiros ou, ainda, através de remessa de dólares por meio de casas de câmbio".
O Delegado de Polícia Federal André Gebrim Vieira da Silva conclui: "Com o objetivo de desarticular o poder econômico da quadrilha, algumas medidas judiciais foram tomadas, como o bloqueio de valores e ativos depositados em bancos tendo como titulares pessoas físicas e empresas detentoras de 28 CPFs e quatro CNPJs, sequestro de bens, veículos e aeronaves utilizadas no tráfico".
Desde o ano passado as investigações relacionadas à operação "Krull" resultaram na apreensão de 721 quilos de cocaína, um caminhão, 400 mil reais, 400 mil dólares, além da prisão em flagrante de 16 pessoas.