Operação Lava Jato tem registro de que Braskem pagou parte da propina de Palocci
A 35a fase da Operação Lava Jato, coordenada pelo Delegado Federal Filipe Hille Pace, encontrou registros de que a Braskem – petroquímica da Odebrecht, em sociedade com a Petrobrás – pagou parte das propinas destinadas ao ex-ministro Antonio Palocci, via Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Há indícios também de que um dos destinatários finais do dinheiro seria o marqueteiro do PT João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff (2014 e 2010) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006), noticiou o jornal Estado de S. Paulo, esta sexta-feira (30/09).
Preso na segunda-feira (26/09), alvo da 35ª fase, batizada de Operação Omertà, Palocci teria recebido propinas para atuar, supostamente de forma ilegal, pela aprovação de duas leis, no Congresso, sobre tributação, com regras que beneficiaram diretamente a empresa. Ex-titular da Fazenda de Lula (entre 2003 e 2006) e ex-Casa Civil de Dilma (em 2011), Palocci teria agido em favor da Braskem em pelo menos dois momentos: em 2009, quando era deputado federal pelo PT, e em 2013, quando era consultor pela empresa Projeto.
Os registros são de entregas de dinheiro em espécie em endereços de duas empresas de publicidade e comunicação, em São Paulo, com Braskem como uma das fontes de recursos. Os dados deletados estavam no mesmo arquivo de pagamentos da conta “Italiano”, codinome que seria usado para identificar Palocci, segundo afirma a Polícia Federal. Nesses mesmos locais, estão os registros de pagamentos ordenados “por Marcelo Odebrecht” efetuados a “João Santana/Mônica Moura (Feira) e outros beneficiários ainda não identificados”.
O material foi cruzado com uma planilha que a Lava Jato tinha, desde março quando duas secretárias do “departamento de propinas” foram presas. Nela estariam registrados o movimento dos R$ 128 milhões de propinas que Palocci teria conseguido da Odebrecht, nos quatro anos. Mônica Moura e João Santana são réus de processo da Lava Jato, em Curitiba, e confessaram terem recebido US$ 3 milhões da Odebrecht em conta secreta na Suíça, como pagamento de dívida da campanha presidencial do PT de 2010 – quando Dilma foi eleita pela primeira vez.
A Polícia Federal não sabe quanto dos R$ 128 milhões da conta do “Italiano” eram responsabilidade da Braskem, ou quais outros pagamentos ela fez no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Para os investigadores, todas as unidades do Grupo Odebrecht, incluindo a Braskem, colocavam recursos no caixa para custear as propinas e pagamentos de campanhas eleitorais e doações a partidos legais e de caixa 2.
Entre 2004 e 2014, a Polícia Federal estima que foram pagos R$ 1 bilhão em propinas somente referente aos contratos com a Petrobrás – R$ 35 bilhões, ao todo, em dez anos. O cálculo, não inclui valores da Braskem, que agora é foco das apurações, nem contratos em outras estatais e governos. Só João Santana, recebeu US$ 16,6 milhões na rubrica “Feira”.
Leia a íntegra da matéria do jornal Estadão: http://zip.net/brtty0