Operação Omertà da PF investiga se a Odebrecht teria pago propina em obra tocada com a Via Enge

28 de setembro de 2016 15:32

A 35ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Omertà, coordenada pelo Delegado Federal Filipe Hille Pace, que levou o ex-ministro Antônio Palocci à cadeia na última segunda-feira (26/9), voltou a citar o nome da empreiteira Via Engenharia no escândalo. Planilhas da Odebrecht apreendidas pela Polícia Federal indicam que a reforma do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, serviu de escoadouro de propina. O consórcio responsável pela obra foi formado em 2004 pelas duas construtoras, noticiou o portal Metrópoles, essa terça-feira (27/09).
 

Os documentos que revelam essas operações foram apreendidos na casa de Carlos José Cunha, ex-diretor superintendente da Supervias, parte da Odebrecht Transport. Na papelada, os investigadores descobriram uma planilha que relata propinas operacionalizadas pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht — divisão criada especialmente para os pagamentos ilegais. Segundo as planilhas, há três registros de repasses ilegais de recursos referentes ao Aeroporto Santa Genoveva.
 

Essa propina, segundo a planilha, totaliza pouco mais de R$ 214 mil. O destinatário é identificado como 'Americano', seguindo o padrão de apelidos que a Odebrecht dava a destinatários dos pagamentos ilegais. A Polícia Federal acredita que o 'Americano' era o presidente da Infraero entre 2003 e 2006 e ex-deputado petista Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos, morto em 2009.

 

De acordo com o portal Metrópoles, ao ser questionada sobre a suspeita de irregularidade na reforma do terminal goiano, a Via Engenharia informou que “desconhece as circunstâncias das negociações que envolvem diretamente o parceiro-líder do consórcio para a construção do Aeroporto Santa Genoveva”.
 

Esta não é a primeira vez que a Via Engenharia é citada na Lava Jato. De acordo com o portal Metrópoles, embora não conste entre as investigadas no esquema, a empresa fundada em Brasília na década de 1980 já vem margeando as apurações há algum tempo. O diretor da Toyo Setal, Marcos Pereira Berti, que firmou acordo de delação premiada, acusou, em depoimento, a companhia candanga de fazer parte de uma subdivisão do chamado “Clube VIP” das empreiteiras que lesavam a Petrobras. Segundo Berti, outras empresas, como a Via Engenharia, passaram a participar das irregularidades a partir de 2006, quando as construtoras começaram a ser divididas em espécies de 'castas'. Berti afirma que essa nova configuração se deu porque a Petrobras adotou práticas que 'dificultaram' a atuação do Clube VIP, conforme consta na ação civil pública.
 

Leia a íntegra da matéria do portal Metrópoles: http://zip.net/bdttRp