Operação Ouro Verde
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), mais de 450 “clientes” do esquema estão sendo investigados. O trabalho está na fase final, informou o delegado Alexandre Isbarrola, chefe do núcleo de repressão de crimes financeiros da Polícia Federal no Estado. O grupo de “clientes” poderá responder por crimes de evasão de divisas e manutenção de depósito no Exterior sem declaração.
A julgar pela consistência do inquérito que abasteceu a denúncia do MPF contra 26 pessoas e o processo na 1ª Vara Federal Criminal, o segundo tempo da Operação Ouro Verde deve resultar em novo processo.
– Os fatos apurados foram integralmente denunciados. Não houve nenhuma parte que não tenha sido aproveitada – disse Isbarrola.
Dos 26 réus, 25 já prestaram depoimento
Os envolvidos teriam enviado dólares e euros para o Exterior sem comunicação ao Banco Central, o que é crime, e foram acusados da prática de organização criminosa, operação de instituição financeira sem autorização, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Parte do dinheiro depositado em bancos de outros países seria fruto de contabilidade paralela ilegal (caixa 2), segundo a polícia.
Vinte e cinco dos 26 réus já prestaram depoimento, bem como todas as testemunhas de acusação. Agora, a Justiça Federal está ouvindo testemunhas de defesa, num processo lento porque envolve pessoas que residem nos Estados Unidos e no Uruguai. O único réu ainda não ouvido pela Justiça também mora no Uruguai, e a Justiça está tendo dificuldades para interrogá-lo, tanto que está acionando um acordo de cooperação jurídica para colher as palavras do acusado.
A operação desencadeada no ano passado envolveu 700 policiais e 161 auditores da Receita Federal em 22 municípios e 131 residências no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná e no Rio de Janeiro. Os presos foram encaminhados para o Presídio Central da Capital, mas todos estão soltos. Os bens dos réus foram bloqueados pela Justiça.
Embora dirigentes da financeira Portocred tenham sido ligados ao esquema, entre eles seu acionista majoritário, a Polícia Federal garante que não havia irregularidades na operação legalizada pela instituição. Por isso a Portocred não foi enquadrada entre os réus do processo.