Operação Pasárgada

9 de abril de 2008 13:43

Segundo a assessoria da PF, estão presos 12 prefeitos de municípios de Minas Gerais e dois da Bahia.

Cerca de 500 policiais federais participaram da operação nos dois estados e no Distrito Federal. Mais de 40 pessoas foram presas. O prejuízo aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 200 milhões.

Também foram detidos pela Operação Pasárgada, de acordo com a PF, um juiz federal, nove advogados, quatro procuradores municipais, quatro funcionários do Judiciário, um gerente da Caixa Econômica Federal e um lobista.

Entre os prefeitos presos, segundo informou a Polícia Federal, estão Carlos Alberto Bejani (PTB), de Juiz de Fora-MG; Demetrius Arantes Pereira (PTB), de Divinópolis-MG; Júlio Cesar de Almeida Barros (PT), de Conselheiro Lafaiete-MG; José Eustáquio Ribeiro Pinto (DEM), de Cachoeira da Prata; Geraldo Nascimento (PT), de Timóteo-MG; Ademar José da Silva (PSDB), de Vespasiano-MG; Ernesto Peçanha da Silva (DEM), de Itabela (BA); e Gilberto Balbino (PR), de Sobradinho (BA).

Foram presos ainda, segundo a PF de Minas, prefeitos de outras seis cidades mineiras, cujas prisões ainda não foram confirmadas pelo G1.

Outro lado
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Juiz de Fora informou que no final da tarde divulgará nota oficial sobre a prisão do prefeito.

Na Prefeitura de Divinópolis, a assessoria afirmou que haveria uma entrevista coletiva de imprensa às 14h para falar sobre o caso e disse que enviaria ao G1 uma nota oficial.

Segundo o secretário de Governo e Imprensa de Conselheiro Lafaiete, Diarlhes Pider, o prefeito está “tranqüilo”. Ele afirmou que a PF deteve Júlio Cesar de Almeida Barros com a finalidade de impedir que ele interfira nas investigações. O secretário informou ainda que a PF questiona a contratação de uma consultoria para reaver recursos do INSS, mas a operação teria sido feita com autorização de uma juíza federal. “Não temos nenhum interesse em esconder nada. Achamos importante a PF cumprir esse papel. Se dos presos, encontrarem um culpado, já é positivo”, disse o secretário.

Em Cachoeira da Prata, o recepcionista da prefeitura afirmou que não havia ninguém na assessoria de imprensa nem no gabinete do prefeito e solicitou que a reportagem voltasse a entrar em contato à tarde.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Timóteo afirmou que, como a investigação corre em sigilo, não há nada a declarar. No fim desta tarde, a assessoria divulgará uma nota oficial sobre o caso.

A Prefeitura de Itabela (BA) informou que não havia ninguém para comentar a prisão do prefeito Paulo Ernesto Peçanha da Silva, pois a prefeitura ainda não sabia o que tinha ocorrido. Segundo a prefeitura, secretários do governo se reuniram para discutir o assunto.

A Câmara Municipal e a delegacia de polícia de Sobradinho (BA) confirmaram a prisão do prefeito Gilberto Balbino (PR), mas a reportagem do G1 ainda não conseguiu contato com a prefeitura da cidade.

Investigação
De acordo com a Polícia Federal, foram cumpridos cem mandados de busca e apreensão e outros 50 mandados de prisão em Minas Gerais, na Bahia e no Distrito Federal.

A investigação, iniciada há oito meses, revelou o envolvimento de magistrados, prefeitos, advogados, procuradores municipais, assessores e lobistas. A partir de decisões judiciais, a verba federal era repassada a municípios em débito com o INSS.

Segundo a PF, as investigações apontam que os prefeitos contratavam, sem licitação, um escritório de advocacia, que oferecia vantagens a juízes e servidores da Justiça para obter decisões favoráveis e, depois, dividia seus honorários com os prefeitos que o contratava.

Os investigados responderão por formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, advocacia administrativa, exploração de prestígio, fraude a licitação, quebra de sigilo de dados e lavagem de dinheiro. Penas podem chegar a 20 anos de prisão.