Operação Rodin

8 de fevereiro de 2008 11:51

Uma das medidas iniciais da CPI, de acordo com o presidente da comissão, Fabiano Pereira (PT), será pedir à Justiça Federal acesso ao inquérito da PF sobre a fraude, incluindo as escutas telefônicas e os documentos liberados pela quebra de sigilo dos suspeitos. Os depoimentos devem começar a partir do dia 18.

Com cópias de requerimentos de depoimentos em mãos, o vice-presidente da CPI, Paulo Azeredo (PDT), afirmou que vai pedir que sejam convidados três ex-secretários de Segurança: José Paulo Bisol, Enio Bacci (PDT) e José Otávio Germano (PP). Ele também vai pedir que sejam ouvidos o ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino e o delegado Luiz Carlos Ribas, afastado das atividades pela Corregedoria de Polícia por responder a processo na Justiça Federal.

Realizada no gabinete da presidência da Assembléia, a instalação da comissão foi marcada por críticas dos partidos de oposição. O PT ficou descontente com o fato de o líder do governo Yeda Crusius, deputado Adilson Troca (PSDB), ter sido escolhido para assumir a relatoria da comissão. Com isso, o Palácio Piratini assegurou o controle sobre uma das principais funções da CPI.

O relator é responsável pela elaboração do texto final, que reúne as conclusões das investigações. Para a deputada Stela Farias, representante do PT na CPI, o tucano não teria autonomia para a função por ser comprometido com o governo e com o PSDB. Um membro do partido é suspeito de participação na fraude do Detran. Ex-coordenador da bancada do PSDB na Assembléia e um dos coordenadores da campanha de Yeda, Lair Ferst está entre os indiciados pela Polícia Federal na Operação Rodin.

Deputados terão 120 dias para ampliar investigações da PF
– O governo será investigado na CPI. Há indícios fortes de participação de pessoas próximas da relação política da governadora (na suposta fraude). Para salvaguardar a autonomia, o líder do governo não pode ocupar o cargo de relator – disse Stela.

Logo após a reunião, Troca procurou Yeda para entregar o cargo de líder, alegando não ter condições de conciliar as duas funções. O parlamentar disse que vai atuar com independência na comissão:

– A CPI vai ter equilíbrio, com presidente da oposição e relator da base. Mas somos isentos. É dever da CPI apurar irregularidades e fazer propostas para melhorar o sistema do Detran.

A escolha do relator estava indefinida até a noite de quarta-feira porque nenhum parlamentar era candidato a escrever o relatório sobre um caso que envolve suspeitos ligados a pelo menos quatro partidos: PP, PMDB, PDT e PSDB.

A escolha de um aliado para a função era uma vontade do Piratini, com o objetivo de contrabalançar a presença de um petista na presidência. A base também apresentou Alexandre Postal (PMDB) como candidato a vice-presidente. Durante a sessão de instalação da CPI, porém, PT e PDT não aceitaram a dobradinha governista, indicando Azeredo.

A próxima reunião dos 12 integrantes da CPI está marcada para segunda-feira. Os deputados vão definir um plano de trabalho. Eles terão 120 dias para ampliar as investigações que a PF vem fazendo desde o dia 6 de novembro. Até agora, os federais já indiciaram 17 pessoas por suposto envolvimento na fraude.