Operações da PF em concursos públicos resultam em 282 indiciados

13 de julho de 2012 13:48

 

Na última quarta-feira (11), a Polícia Federal (PF) informou que 282 pessoas foram indiciadas e 62 servidores foram afastados ou impedidos de tomar posse em decorrência de fraudes nos concursos da Polícia Federal, da Receita Federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 
 
A quantidade de pessoas indiciadas é resultado da Operação Tormenta, na qual a PF investigava, desde 2010, uma quadrilha que fraudava diversos concursos públicos e também exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a PF, todos os servidores nomeados, além dos que aguardavam nomeação foram identificados e afastados ou estão em processo de desligamento nos respectivos órgãos.
 
Durante as investigações, a PF utilizou o Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames, software usado na Operação Tormenta para rastrear os desvios entre as respostas dos candidatos em outras provas. A partir desse programa, é possível apontar quais candidatos têm a maior possibilidade de terem sido beneficiados, e estes passam a ser investigados. 
 
Este ano, um caso em particular indignou a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), quando se descobriu, na etapa de investigação social, que um dos candidatos, F. A. G. C., foi processado por fraudar um concurso para analista de finanças e controle da Controladoria Geral da União (CGU), ocorrido três anos antes. Ele, porém, não foi condenado na Justiça por extinção de punibilidade.
 
A decisão foi da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, que reconheceu a F. A. G. C. o direito de se matricular no curso de agente policial da Academia Nacional de Polícia. Segundo o juiz Ricardo Machado Rabelo, a “mancha” no passado do candidato foi apagada pelo próprio Estado que não o condenou penalmente. 
 
Atuação da PF em concursos públicos
A Polícia Federal atua fortemente no combate às fraudes em concursos públicos. Casos como o de F. A. G. C., entretanto, abrem espaços para que outras intervenções sejam incentivadas. Em 2012, a PF abriu mais de 600 vagas em seu concurso, sendo 150 delas voltadas para o cargo de delegado.
 
O presidente da ADPF, Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, lembra que a PF não pode aceitar casos como esses, pois é um órgão com grandes responsabilidades para com o Estado. "A PF é uma instituição que por natureza enfrenta organizações criminosas cuja maior trunfo é a enorme capacidade de infiltração e cooptação de agentes públicos, por isso precisa promover uma permanente e rigorosa vigilância”, reitera.
 
Casos como a Operação Tormenta, que teve início em 2009 a partir da denúncia de que um dos candidatos do concurso para o cargo de agente da Polícia Federal, são exemplos do árduo trabalho da instituição. Na ocasião, um dos candidatos teve acesso ao caderno de questões da prova às vésperas da aplicação. 
 
A quadrilha que agiu comprava as provas e contratavam professores para fazer o gabarito, que era vendido para os candidatos. A partir das investigações e acusações da PF, os criminosos estão respondendo por vários crimes, como formação de quadrilha, estelionato qualificado, receptação, corrupção ativa e passiva, dentre outros.