Opinião: Risco de uma CPI

5 de outubro de 2007 09:30

Consta que desde 1999, período a ser investigado pela CPI, R$ 33 bilhões em dinheiro público o equivalente a um ano de arrecadação da CPMF tenham passado por ONGs. É essencial saber com que lisura e competência, ou incúria e despreparo, essa dinheirama foi administrada.

Criadas como uma forma de as ações comunitárias e de caridade ganharem estofo técnico e profissional, e portanto mais eficiência, as ONGs terminaram descobertas por políticos inescrupulosos, e também por estelionatários e criminosos comuns, como mais uma eficiente gazua para arrombar os cofres do erário.

A banda podre da política fluminense demonstrou nas últimas eleições como organizações não-governamentais de fachada podem ser utilizadas para bombear ilegalmente dinheiro do contribuinte para campanhas políticas. Há casos documentados na Justiça. Se haverá punições, é uma outra questão.

As denúncias contra a senadora petista Ideli Salvati são mais um exemplo. Há notícia de ligações da parlamentar com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul), beneficiária de um repasse oficial de R$ 5 milhões para financiar cursos de treinamento profissional, dinheiro que, apura a Polícia Federal, poderia ter ido para a campanha de um deputado do PT de Santa Catarina, estado de Ideli. Os casos são inúmeros.

Outro é o do churrasqueiro presidencial Jorge Lorenzetti, um dos aloprados e também de Santa Catarina, acusado de desviar R$ 18 milhões de recursos governamentais, transferidos para a ONG Unitrabalho.

Mas há pelo menos uma conspiração contra a CPI. A da politicagem, caso as investigações venham a ser usadas para acertos de contas entre senadores adversários políticos. Consta até que a comissão seria um alerta de Renan Calheiros ao PT de Ideli para que não o abandone. Se o pior acontecer e a CPI fracassar, terá sido mais uma perda de tempo precioso e de uma oportunidade para se iluminar os porões dos crimes de colarinho branco cometidos na vida pública.

Acer tos políticos ameaçam a investigação das ONGs