Os planos da Fenapef
Matéria da Folha de São Paulo revela que a Fenapef há um ano e meio elaborou um planejamento estratégico para “atingir o governo”. O documento obtido pela Folha revela ainda a meta de “focar nos delegados”. Ou seja, a Fenapef, deliberadamente, tem provocado a cizânia entre as categorias da Polícia Federal, para atingir seus objetivos ideológicos.
Diante dos fatos, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) vê com preocupação essa tentativa de colocar os delegados como alvo de ataques, o que prejudica o diálogo e o ambiente interno de trabalho na instituição.
A reportagem revela ainda que, para atingir seus objetivos, a Fenapef contou com a orientação de um especialista em marketing para planejar a criação de um fato motivador interno. Ou seja, em nome de uma política de agressão premeditada ao governo e aos delegados, a Fenapef optou por deixar seus representados sem nenhum reajuste salarial.
A seguir, confira a íntegra da reportagem da Folha:
Ofício de agentes federais prevê plano para `atingir governo`
MATHEUS LEITÃO
FERNANDO MELLO
DE BRASÍLIA
Um documento da entidade que reúne agentes da Polícia Federal atualmente em greve revela um plano estratégico para "atingir negativamente o governo federal".
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) diz que "tem como meta criar motivação política para o público interno, sensibilizando a opinião pública e os parlamentares".
Datado de maio de 2011, o plano foi bolado um ano e meio antes de os servidores ligados à Fenapef entrarem em greve, em 7 de agosto.
A entidade representa agentes, papiloscopistas (especialistas em identificação) e escrivães da PF – mas não os delegados.
A categoria é a única ainda parada no funcionalismo federal, que no primeiro semestre fez uma onda de protestos contra o governo Dilma.
O ofício, obtido pela Folha, sugere a contratação de uma empresa de marketing para conquistar o apoio às reivindicações que hoje norteiam a paralisação.
A Fenapef, de fato, contratou um especialista em marketing em julho e agosto – auge da greve. O texto menciona a realização de "panfletaços no Congresso e aeroportos […] visando atingir o público político" – manifestações que ocorreram em julho.
O plano circulou entre diretores da entidade, que representa 14 mil agentes da ativa e aposentados.
Entre as preocupações apontadas pelo documento está o interesse em "focar nos delegados" – hoje, agentes e delegados estão numa guerra civil dentro da PF.
Os agentes reivindicam uma reestruturação de carreira para ganharem, além de reajuste, mais autonomia e protagonismo nas operações. Querem atingir cargos como de diretor-geral (posto máximo) ou de superintendente regional (chefes nos Estados), hoje exclusivo de delegados.
Procurada, a direção da PF informou que espera "que a greve tenha uma solução rápida", mas que "não há previsão" para que isso ocorra.
OFICIAL
O presidente da Fenapef, Marcos Wink, diz não saber quem foi o autor do documento, mas que ele não foi aprovado oficialmente.
"Isso não passou por mim, mas em momento algum eu aceitaria, porque você não pode ser maluco de brigar com quem você está negociando", disse.
"Hoje, que estamos em greve, você não vê a gente atacar o governo. Imagina na época, quando estávamos em uma boa conversa."
Para ele, críticas podem surgir nos debates internos da federação, mas são episódios pontuais encabeçados por alguns sindicatos.
Wink diz que "existe uma crise de relacionamento interno na Polícia Federal" entre delegados e agentes.
"Os delegados assumiram todas as chefias, todos os espaços", afirmou. "Existe um racha entre as categorias, clima muitíssimo pesado entre a gente e os delegados.”
De acordo com Wink, a contratação de um profissional de marketing ocorreu por dois meses, para "dar orientação".
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