Outro do Credit Suisse é preso por evasão

24 de abril de 2008 12:55

Ele estava no Brasil havia cerca de 15 dias captando clientes brasileiros que quisessem abrir contas na Suíça, segundo a PF. Passou por São Paulo, pelo interior paulista e pelo Rio.

Weiss, que é fluente em português, parecia conhecer o risco que corria no Brasil. Ele tinha um manuscrito com instruções sobre o que responder à polícia caso fosse preso. O suíço voltaria amanhã ao seu país.

O executivo é acusado pela PF de operar instituição financeira no Brasil sem autorização do Banco Central, de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. Caso seja condenado por esses três crimes, pode pegar até 20 anos de prisão.

Ele é o segundo executivo suíço do Credit preso pela PF no Brasil. Em 2006, o economista Peter Schaffner foi preso numa sala VIP do aeroporto de Cumbica, quando se preparava para voltar à Suíça.

Schaffner foi preso com outros executivos que operavam um escritório de representações do Credit Suisse na região mais refinada da avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo. O escritório funcionava como uma agência do banco, já que possibilitava que brasileiros abrissem conta na Suíça sem sair do país. Essa primeira investigação, chamada pela PF de Operação Suíça, resultou no fechamento do escritório.

É a quarta operação que a PF faz em torno de bancos suíços. Além da Operação Suíça, foram feitas três com o nome Kaspar -nome do primeiro comandante da guarda suíça que começou a cuidar da segurança do papa, em 1506.

No pedido de prisão de Weiss, a procuradora Karen Louise Jeannete Kahn frisa que o Credit é reincidente nesse tipo de crime. Weiss, segundo ela, é “o nono ou décimo representante do Credit Suisse que, de forma destemida e já prevenido das ações policiais brasileiras, transita pelo país”.

Na última sexta-feira, o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia do Ministério Público Federal contra Schaffner e outros 15 executivos de bancos suíços (leia texto ao lado).

Denúncia é o jargão jurídico para a acusação feita pelo Ministério Público. Como ela foi aceita, os executivos passam a ser réus num processo criminal. Dos 16 réus, 14 eram ou são executivos do Credit na Suíça ou no escritório da Faria Lima. Os outros dois são doleiros.

Remessa ilegal
O fechamento do escritório da Faria Lima não significou o fim das operações ilegais do Credit no Brasil, diz o delegado Ricardo Andrade Saadi, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros em São Paulo.

O Credit passou a usar outros dois esquemas, segundo a PF: levava clientes brasileiros para o Uruguai, onde eles abriam contas na Suíça, e enviava executivos para captar clientes em São Paulo e no Rio.

Weiss foi preso com “uma farta documentação” sobre as contas que abriu no Brasil, segundo Saadi. Havia também, de acordo com ele, documentos sobre brasileiros que já têm contas no Credit.

Saadi disse que a documentação apreendida mostra que Weiss cuidava de “centenas” de contas, sem citar um número exato.

Os clientes do Credit também serão investigados e podem ser processados por remessa ilegal de divisas, sonegação e lavagem de dinheiro.