Paulinho diz ser vitima de perseguição
– Primeiro, acusam, para depois você ter de provar sua inocência – disse.
Ele é suspeito de envolvimento em fraude no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E, irônico, o deputado tentou chamar a atenção dos colegas ao criticar a ação da PF na Câmara, quando foram feitas imagens e gravações de um suposto lobista que manteria contato com o parlamentar. As gravações foram registradas durante as investigações da Operação Santa Tereza, que desbaratou um esquema envolvendo fraudes no BNDES e exploração sexual de mulheres.
– Se a Polícia Federal disse que o cara entrou na minha sala e na do (deputado) Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) com uma mochila, por que não prendeu o cara, se ele estava cheio de dinheiro? – reagiu.
Paulinho disse ainda que as citações sobre ele no inquérito da PF são infundadas. De acordo com o deputado, houve gravações de conversas entre assessores que faziam menção a ele e não o envolviam diretamente.
No momento em que Paulinho discursou, 298 deputados haviam registrado presença. Alguns acompanhavam com atenção o pronunciamento. Antes de ocupar a tribuna, o parlamentar cumprimentou colegas. Depois, foi até o café – que fica ao lado do plenário – para falar com outros deputados. Mas apenas o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o líder e presidente nacional do PDT, deputado Vieira da Cunha, se manifestaram.
Entidades sindicais manifestam apoio ao deputado pedetista
Chinaglia afirmou ter optado pelo envio do pedido de investigação à Corregedoria da Câmara para que o tema seja investigado, mas ressaltou que isso não significa que ele já tenha uma opinião formada sobre o assunto.
Vieira da Cunha elogiou a atitude de Paulinho, que resolveu autorizar a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Após determinar a investigação, Chinaglia também informou que vai instalar hoje uma comissão especial para analisar a proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com o foro privilegiado aos parlamentares.
Entidades sindicais manifestaram ontem apoio ao pedetista. Em nota, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) diz que os ataques são conseqüências da postura de Paulinho “de intransigência na defesa dos direitos dos trabalhadores”.