Paulinho na encruzilhada
O relator do caso será escolhido em reunião marcada para esta tarde. A amigos, Paulinho sustentava até ontem à noite que não renunciará, antes da abertura do processo, para fugir do risco de perder os direitos políticos.
Mas, ontem, a maior preocupação do presidente do conselho, deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), era reagir contra o corregedor da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), com insinuações de que este poderia estar ajudando Paulinho politicamente.
Em mais um round da desavença entre os dois, Moraes avisou que o PTB irá representar contra Inocêncio, por constrangimento público a ele, no Conselho de Ética. Semana passada, Inocêncio representou contra Moraes, acusando-o de descumprir o Código de Ética ao não instaurar, imediatamente, o processo contra Paulinho. Ontem Moraes afirmou que Inocêncio tenta derrubá-lo de seu posto, para se promover.
– O Inocêncio vai ter de dar explicações também. Ele não reclamou da demora quando o conselho passou um mês sem presidente. Mas, 15 minutos depois de eu assumir ele tentou me constranger. No dia seguinte, declarou na tribuna que ele não tem nada contra o Paulinho e que eles estão sempre juntos. Agora eu quero saber no que eles estão sempre juntos! – cobrou Moraes, acrescentando: – Ele é como o pássaro quero-quero, canta em um lugar e bota os ovos em outro.
Inocêncio não foi localizado para comentar as suspeitas de Moraes. Em entrevista, o presidente do Conselho de Ética não quis comentar dados da investigação contra Paulinho e negou que esteja fazendo consultas sobre a relatoria para a qual diz desejar nome de consenso. Um dos mais cotados é o do deputado Moreira Mendes (PPS-RO).
O deputado Dagoberto Nogueira, do PDT de São Paulo, como Paulinho, deverá se licenciar de sua vaga de titular do Conselho. Ele já declarou que se considera impedido de julgar um colega de seu partido.
Paulinho não foi localizado para comentar a instauração do processo, mas interlocutores sustentam que ele não irá renunciar. Para evitar o processo e a possível perda de direitos políticos (inelegibilidade por oito anos, se tiver o mandato cassado), teria de renunciar ao mandato antes da leitura do termo de instauração do processo.
Paulinho é acusado pela Polícia Federal de participar na quadrilha que cobrava propina para intermediar empréstimos do BNDES. A Operação Santa Teresa desarticulou o grupo e encontrou citações a Paulinho em grampos telefônicos e indícios de que ele teria sido beneficiado. Em uma das linhas de investigação, a ONG Meu Guri, fundada por Paulinho e sua mulher, foi beneficiária de um crédito, a fundo perdido, do banco estatal para a construção de uma sede em São Paulo.