Pequena vingança que gerou crise
Segundo a polícia, ele queria apenas se vingar e, ao mesmo tempo, chantagear a estatal para abocanhar parte dos negócios que tocava como dono e representante de empresas fornecedoras.
A imagem da propina ganhou o mundo pela tela da televisão, provocou a abertura de uma CPI e serviu como estopim de uma crise política que, por pouco, não acabou resultando no impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Padrinho político de Marinho nos Correios, o ex-deputado Roberto Jefferson enxergou na denúncia as “impressões digitais” do ex-ministro José Dirceu e, acuado, partiu para o ataque, revelando o esquema de distribuição de dinheiro para a base aliada do governo, o famoso mensalão que, meses antes, o JB havia denunciado.
A conseqüência política mais conhecida de suas revelações foi a queda do então todo poderoso chefe da Casa Civil, José Dirceu, cuja renúncia ele forçou ao pronunciar, durante depoimento na CPI do Mensalão, uma frase famosa: “Sai daí, Zé. Sai daí logo, antes que você faca réu um homem inocente, o presidente Lula”. As denúncias de Jefferson trouxeram à tona a figura do publicitário Marcos Valério e os nomes de vários parlamentares que seriam cassados ou renunciariam aos mandatos para não perder os direitos políticos. Todos eles eram suspeitos de receber propina para apoiar o governo no Congresso. Jefferson e José Dirceu foram os primeiros cassados.
Ouvido na CPI dos Correios, Wascheck disse que era apenas um empresário, admitiu contratou o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência, Jairo Martins, para intermediar o grampo e disse que depois perdeu o controle do material produzido pelos arapongas.
O DVD com as imagens da propina e as denúncias envolvenfo o PTB foram divulgados pela revista Veja, desencadeando a crise política que corroeu a imagem do governo no primeiro mandato do presidente Lula. Imaginava-se que a repentina fama tiraria o empresário de circuito, mas ele continuou operando as mesmas estatais. Wascheck fornecia material também para as Forças Armadas. A PF e o Ministério Público ainda não encontraram evidências de envolvimento de dirigentes de partidos com o novo esquema, mas acham que a estatal continua sendo feudo político.