Perícia dará resposta conclusiva, promete PF

14 de agosto de 2007 09:21

O laudo vai dizer se tem origem legal a fortuna de Renan – estimada em R$ 10 milhões -, avaliar a legalidade das operações de venda de gado, com as quais ele alega ter faturado R$ 1,9 milhão em quatro anos e atestar se usou recursos próprios, como alega, no pagamento de despesas pessoais, como a pensão à jornalista Mônica Veloso, com a qual tem uma filha.

O laudo está sendo concluído pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC). Uma autoridade com acesso ao trabalho informou que o resultado até agora é desfavorável ao senador porque, entre os documentos apresentados pela defesa, há muitas notas fiscais frias de venda de gado, emitidas por compradores inidôneos. Também haveria incompatibilidade do patrimônio de Renan com suas rendas de parlamentar e agropecuarista. Os peritos também encontraram divergências de datas e valores entre as retiradas e os pagamentos a Mônica.

Ao aprofundar a análise do material que provaria a venda de gado, os peritos também encontraram empresas fictícias e correntistas de aluguel apontados como supostos compradores da carne oriunda das fazendas de Renan. O esquema seria liderado pela empresária Zoraide Beltrão, dona do frigorífico Mafrial, apontado por Renan como comprador dos seus bois.

Embora apareça nas Guias de Trânsito de Animais (GTAs) como destino do gado de Renan, o Mafrial não emitiu uma nota própria. Em vez disso, mandou notas fiscais de supostos compradores da carne, como os frigoríficos GF Silva, Carnal Carnes e Stop Carnes, apontadas pelo fisco alagoano como empresas de fachada, criadas para fins de evasão fiscal e lavagem de dinheiro.

Renan enviou ontem ao INC mais um lote de documentos – notas fiscais das três empresas de fachada, recibos e GTAs. Ele espera com isso fechar um montante de mais de 600 bois cuja venda efetiva não estava comprovada.

Entre 2004 e 2006, o esquema comandado pelo Mafrial movimentou três grandes contas em nome de laranjas, pelas quais passavam entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão mensais. Uma das contas foi aberta no Banco HSBC em nome do frigorífico GF Silva, cujo titular é Genildo Ferreira da Silva Costa, modesto ex-empregado de Zoraide. A conta registrou movimento médio de R$ 500 mil mensais até ser extinta no final de 2006. Valores idênticos circularam nas contas da Carnal Carnes e Stop Carnes, abertas nos bancos Bradesco e Real. O objetivo das empresas de fachada era sonegar impostos, segundo o fisco alagoano.