Permanência de policiais federais nas fronteiras será estimulada

8 de março de 2012 15:49

SÃO PAULO – O Ministério da Justiça finaliza um pacote de medidas para reforçar o policiamento na fronteira e estimular a permanência dos policiais nessas delegacias. Além da realização de um concurso público marcado para meados desse ano, o ministério prepara um adicional de remuneração de fronteira, a construção de residências funcionais para agentes da PF em sete cidades e a adoção de uma nova tabela de pontuação de experiência. A ideia é que a permanência em cidades fronteiriças passe a vale mais para futuras promoções. A assessoria da PF diz que o projeto está em fase final, mas não há prazo para sua conclusão.

As medidas visam estimular a permanência dos policiais mais experientes nas unidades de fronteira. Dos cerca de 11 mil agentes da Polícia Federal em todo país, cerca de 750 estão em áreas de fronteira, de acordo entidades que representam os agentes. A maioria é de recém-admitidos.

– O policial passa no concurso e entra na fronteira, mas assim que pode ele quer sair. O trabalho ali é exaustivo e mais perigoso. Além disso, tem a questão da qualidade de vida, de morar em localidades com poucas opções culturais, sociais e de educação – diz Marcos Leoncio, diretor da Associação dos Delegados de Polícia Federal.

Segundo ele, muitos policiais estão há cerca de cinco anos trabalhando na fronteira.

– Não temos um concurso para delegado desde 2008. Aí não tem gente nova para assumir – diz.

Um delegado que atua na fronteira com o Paraguai diz que o incentivo é fundamental para qualificar o trabalho dos policias.

– O agente chega cru e quando aprende o trabalho, quando está qualificado, ele sai e vai para outra delegacia – diz o delegado, que prefere não se identificar.

Com a medida, o governo federal equipara os policiais federais aos militares que já contam com benefícios em áreas de fronteira, como adicional salarial e residências funcionais.

A licitação para construção das casas já está aberta e prevê residências em Tabatinga (Amazonas), Oiapoque (Amapá), Epitaciolândia (Acre), Pacaraima (Roraima), Cáceres (Mato Grosso) e Ponta Porã (Mato Grosso do Sul). Também estão previstas reformas nas delegacias e aumento nas carceragens. Sem instalações adequadas, muitos presos em flagrante pela PF acabam sendo levados para carceragens da Polícia Civil.

Na segunda-feira, representantes da Federação Nacional dos Policiais federais estiveram reunidos com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, cobrando a aprovação das medidas.

Cardozo teria tranquilizado os policiais, afirmando que a própria presidente Dilma Roussef teria interesse na implementação das medidas