Petrobras retarda planos em álcool por baixa demanda no Japão

13 de dezembro de 2007 14:32

Interessada em se tornar uma grande exportadora do combustível renovável, a empresa havia anunciado sua intenção de ter 20 a 30 por cento de participação em 20 destilarias de álcool no Brasil em projetos que envolviam a trading japonesa Mitsui .
O plano continua, mas apenas três projetos-piloto de usinas vão ser apresentados para aprovação da diretoria da companhia, provavelmente na semana que vem, em vez de cinco inicialmente previstos, afirmou o diretor de abastecimento, Paulo Roberto Costa, na quinta-feira.
“A gente quer começar com três para sentir o mercado, para ver como está se desenvolvendo…Não adianta querer exportar 5 bilhões de litros se o mercado está começando com 500 milhões de litros”, disse ele à Reuters.
A Petrobras havia dito em setembro que começaria a aprovar suas primeiras cinco parcerias para produzir álcool em Goiás e Mato Grosso até o fim de outubro, com um investimento estimado para esta fase de 1 bilhão de dólares.
A companhia então deveria anunciar as cinco parcerias seguintes até o fim do ano, dentro de seu plano estratégico de exportar 4,7 bilhões de litros de álcool até 2012.
Mas nenhuma delas foi revelada ainda pela companhia.

Demanda frustrante
O crescimento na demanda mundial por etanol tem ficado aquém da expectativa de produtores e traders.
O Brasil é o maior exportador do produto no mundo, mas as vendas devem cair este ano e no próximo, devido principalmente ao aumento da produção nos Estados Unidos, a medidas protecionistas e à hesitação de alguns países em determinar misturas obrigatórias do combustível à gasolina.
“Estávamos conversando mas a velocidade (das decisões) está diferente do que eu imaginava”, disse José Carlos Toledo, acionista do grupo Equipav de açúcar e álcool, de São Paulo.
O grupo estava interessado na parceria com a Petrobras em uma usina que deverá ser instalada em Mato Grosso do Sul.
Toledo disse acreditar que a lentidão tem mais a ver com preços do que com o interesse externo.
“Talvez o Japão tenha coisas mais barats para queimar, não dá para comparar com coque ou carvão. E tem o deslocamento daqui para Japão”, disse.
Toledo acha que compradores internacionais deveriam inclusive pagar um prêmio pelo álcool brasileiro, por suas vantagens ambientais como por exemplo menor emissão de gás carbônico quando comparado a outros combustíveis.
“Ouviu-se muita movimentação um ano atrás, isso foi diminuindo. Alguns empresários que estavam estudando falaram que estavam um pouco decepcionados com a velocidade do assunto”, disse uma fonte do setor de Goiás.
Costa negou que os planos da Petrobras estejam atrasados e disse estar otimista com as conversações entre a empresa e o governo japonês. Mas admitiu que o projeto conta com a demanda.
“Se (a venda) andar rápido não vão ser cinco projetos, vão ser 10, 40, mas vai depender da rampa do crescimento do consumo lá… Por isso não posso fazer alcoolduto e contratar usinas no Brasil se não está vendendo lá”, disse ele.
“São dificuldades inerentes à implatação de um combustivel novo num país distante.”