PF aponta envolvimento de governador do Amapá com máfia das ambulâncias
BRASÍLIA – As investigações da Operação Mãos Limpas , sobre o suposto envolvimento do governador do Amapá Pedro Paulo Dias (PP), candidato à reeleição, e outros políticos locais, com desvios de dinheiro público esbarraram em fraudes apuradas na Operação Sanguessuga, o escândalo sobre a máfia das ambulâncias que sacudiu a política do país em 2006. Relatório recém concluído pela Polícia Federal sobre corrupção no Amapá aponta o envolvimento do governador e do irmão dele, o ex-deputado federal Benedito Dias, com o grupo do empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da organização acusada direcionar verbas do governo federal para a compra de ambulâncias superfaturadas.
O relatório informa que, ano passado, quando a Operação Mãos Limpas ainda estava em fase preliminar, a polícia localizou e apreendeu no Pará um micro-ônibus doado pelo grupo dos Vedoin à clínica Santa Rita, que pertence a governador e a Benedito Dias, hoje secretário especial do governo do Amapá.
Vedoin teria feito acordo com Benedito Dias
Em depoimento à Polícia Federal, ainda em meio ao escândalo das ambulâncias, Luiz Antônio Vedoin afirmou que fez um acerto com o então deputado Benedito Dias, após a doação do micro-ônibus. Pelo acordo, o deputado receberia uma comissão para apresentar emendas no Orçamento destinadas a compra de ambulâncias no Amapá.
Em 2003, Benedito Dias teria apresentado uma emenda no valor de R$ 500 mil para a compra de ambulâncias. Por força do contingenciamento do orçamento, a verba foi reduzida para R$ 400 mil. Segundo a Polícia Federal, o micro-ônibus, equipado com material odontológico, foi doado quando o escândalo das ambulâncias veio à publico e, por isso, o veículo teria sido escondido numa fazenda no Pará.
"Este ônibus foi dado pelo grupo Vedoin à Clinica Santa Rita, pertencente aos irmãos Pedro Paulo (governador) e Benedito Dias. Houve tentativa de ocultação do veículo", informa a polícia.
O relatório feito pela Polícia Federal também faz novas denúncias contra o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, Júlio de Miranda. De acordo com os investigadores, Miranda sacou R$ 7,5 milhões de uma conta do tribunal entre 2005 e 2007. A polícia não sabe o destino dado ao dinheiro. A Polícia Federal não conclui esta parte da investigação. Mas considera o comportamento do conselheiro suspeito porque a lei não permite movimentação de recursos públicos em espécie.
As movimentações têm que ser feitas por meio de transações bancárias. Na semana passada, a Polícia Federal apreendeu seis carros de de Miranda. Na frota, guardada numa garagem climatizada, tinha até uma Ferrari.
Fonte: O Globo