PF aponta rasura em proposta de imóvel em nome de Marisa no Guarujá
O Delegado Federal, Márcio Anselmo, identificou rasuras em proposta do tríplex no Guarujá, atribuído ao ex-presidente Lula. Laudo pericial aponta ‘alteração’ no documento em nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva. No campo ‘apartamento/casa’, sobre o número 174 foi escrito 141.
Na última sexta-feira (26), a Polícia Federal indiciou Lula no caso tríplex pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Marisa foi enquadrada por corrupção e lavagem. Se o Ministério Público Federal apresentar denúncia e o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, receber a acusação, Lula e Marisa se tornam réus.
No laudo, a Polícia Federal fez um exame pericial no documento intitulado ‘Proposta de Adesão Sujeita a Aprovação, n° 3907, em formulário branco identificado com timbre Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), datado de 12 de abril de 2005’. Antes de Solaris, o condomínio chamava Mar Cantábrico.
No papel, o Delegado Márcio Anselmo constatou dados com preenchimento manuscrito em tinta preta referente ao empreendimento “Mar Cantábrico”, em nome do interessado “Marisa Letícia Lula da Silva”.
“Interessante aqui destacar ainda laudo pericial n° 1576/2016 SETEC/SR/DPF/PR, realizado a partir da documentação denominada “Proposta de Adesão Sujeita Aprovação” em três vias onde foi comprovada rasura no que tange ao campo “Apto/Casa”, com numeração rasurada 141, tinha como numeração anterior 174, indicando que originariamente havia outra inscrição do documento referente unidade do imóvel, posteriormente rasurada para 141″, aponta o relatório de indiciamento.
No inquérito, o Delegado Federal constatou que a numeração original sofreu alteração por acréscimo denominada inserção, sem prévia alteração subtrativa, isto é, os lançamentos anteriores não foram suprimidos.
“Durante os exames com o comparador espectral de vídeo não foi possível diferenciar as tintas do manuscrito original daquele inserido. Com a utilização de filtros e iluminação rasante foi possível observar o sulco formado no papel da via verde pela pressão exercida na produção dos algarismos ‘141’ inseridos”, sustenta.
O relatório indica: “Analisando-se as vias verde e azul foi possível visualizar parcialmente os lançamentos originalmente apostos. Verificou-se nas imagens dos algarismos ‘141’ nas vias verde e azul, que seu traçado tem menor definição que o dos algarismos originalmente apostos. Adicionalmente, a definição do traçado do lançamento ‘174’ é compatível com, por exemplo, o do lançamento ‘195000,00’, o que permite concluir que a inscrição original era ‘174’.”
A Polícia Federal é taxativa. “Realizados os exames no material questionado, foi possível concluir que a inscrição originalmente aposta no campo Apto/Casa da Proposta de Adesão Sujeita a Aprovação n° 3907 questionada era ‘174’.”
Em março deste ano, o Ministério Público de São Paulo denunciou criminalmente o ex-presidente Lula no caso do tríplex 164-A, por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. São acusados também a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o filho mais velho do casal Fábio Luiz Lula da Silva, o Lulinha, e mais 13 investigados. Na lista estão o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o empresário Léo Pinheiro, da empreiteira OAS, amigo de Lula, e ex-dirigentes da Bancoop. Esta investigação migrou para a Lava Jato, em Curitiba, após decisão da Justiça de São Paulo.