PF apura compra de votos
Conforme denúncia publicada no Estado de Minas, anotações em uma agenda de Jéfferson Soares Lucas, ex-chefe-de-gabinete do deputado, mostram nomes dos supostos beneficiários da compra de votos e os valores que teriam sido pagos a eles. A agenda foi encontrada em um restaurante em Salinas, na véspera do primeiro turno da votação de 2006. Nos quatro municípios onde teria ocorrido a negociação de votos (Curral de Dentro, Rio Pardo de Minas, Ninheira e Santa Cruz de Salinas, a reportagem constatou que Deiró, apesar de ter o nome divulgado em alguns muros, é pouco conhecido do eleitorado, a não ser dos chefes políticos, cujos nomes estão na agenda de Jéfferson.
O delegado-chefe da Delegacia da Polícia Federal em Montes Claros, Marcelo Eduardo Freitas, informou que encaminhou comunicação formal, com cópias da agenda do ex-chefe-de-gabinete de Deiró e de reportagens do EM, ao Ministério Público Eleitoral e à Justiça Eleitoral, que também devem investigar o caso. Os fatos são graves e precisam ser cabalmente esclarecidos, a fim de que possa prevalecer a democracia plena, afirmou Marcelo Freitas. Semana passada, o deputado, que é empresário do ramo de transporte em Brasília e Patrocínio (Alto Paranaíba), negou envolvimento na denúncia, dizendo não ter conhecimento da agenda do ex-assessor e atribuindo o fato a armação de inimigos políticos.
Conforme o delegado, equipes da PF vão aos municípios citados, para ouvir ex-prefeitos, vereadores, cabos eleitorais e outros políticos que apoiaram Deiró Marra em 2006 e que tiveram os nomes citados na agenda do ex-chefe-de-gabinete do parlamentar e levantar dados que possam indicar se eles receberam algum tipo de vantagem em troca de votos. Primeiramente, teremos que identificar quantas são e quais pessoas teriam sido beneficiadas, para que elas possam prestar depoimentos e esclarecer os fatos. O objetivo é ouvir todos os envolvidos, afirmou Freitas. Ele disse que ainda não tem previsão de quando o ex-assessor do deputado será ouvido e que não há prazo para conclusão do inquérito.
Mandato
Por ser deputado, Deiró tem foro privilegiado. O delegado afirma, no entanto, que enquanto investigado ele será obrigado a prestar depoimento na fase de inquérito como qualquer pessoa. Após o término das investigações, a Polícia Federal vai encaminhar o inquérito ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG). Se for comprovado que houve votos em troca de oferecimento de vantagem financeira, além da perda de mandato, o parlamentar poderá responder judicialmente pelo crime de abuso do poder econômico (compra de votos), previsto no artigo 299 do Código Eleitoral, ficando sujeito ainda a pena que varia de um a quatro anos de reclusão.
Em entrevista concedida em Patrocínio na semana passada, logo depois da publicação da denúncia pelo EM, Deiró negou categoricamente a compra de votos no Norte de Minas. Ele disse que não tinha qualquer conhecimento da agenda e/ou dos manuscritos atribuídos ao ex-assessor. Isso não passa de armação de adversários políticos pelo bom desempenho que estou tendo nestes dois primeiros anos de mandato, argumentou Deiró, que é pré-candidato a prefeito de Patrocínio. Ele negou ainda que Jéfferson tivesse sido funcionário fantasma do seu gabinete. Lembrou que os gabinetes dos deputados estaduais contam com servidores que trabalham em suas bases, fora da Assembléia Legislativa, e que seu ex-chefe-de-gabinete era um desses assessores.