PF cancela operações-padrão, mas diz que vai recorrer da decisão do STJ
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) informou nesta sexta-feira que não fará mais operações-padrão nos aeroportos, portos e fronteiras do país, após uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) proibir o procedimento.
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A entidade, no entanto, disse que vai recorrer da decisão. "A decisão é questionável. O que é operação-padrão para o ministro? É só o transtorno em aeroportos? Não é uma fiscalização efetiva?", afirma Paulo Paes, diretor de estratégia sindical da Fenapef.
A operação-padrão consiste em uma vistoria detalhada da bagagem e dos documentos dos passageiros, que geralmente é feita por amostragem.
"Se quiséssemos efetivamente prejudicar a sociedade, manteríamos o mesmo efetivo que se encontra hoje nos aeroportos e faríamos o pente-fino, mas colocamos muito mais policiais para fazer esse trabalho", diz Paulo Polônio, vice-presidente da Fenapef.
De acordo com ele, a partir de segunda-feira os novos protestos da categoria serão as "operações sem padrão": não serão mais feitas fiscalizações nos aeroportos e portos do país, apenas panfletagem e esclarecimentos para o público.
Tanto Paes quanto Polônio destacaram o maior número de apreensões de drogas e munições decorrentes das operações-padrão feitas pela categoria ontem, cujo balanço final ainda será divulgado, em um dia marcado por transtornos em ao menos 15 aeroportos do país.
Citando a proximidade de grandes eventos, como as Olimpíadas, Polônio afirmou: "O Brasil é um palco para ações terroristas, porque não tem o mínimo de infraestrutura nas fronteiras. Entra o que quiser nesse país".
O STJ determinou uma multa de R$ 200 mil por dia caso haja desrespeito à determinação.
Para a próxima semana, estavam marcadas já uma operação-padrão no porto de Santos e nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo. Uma operação apelidada de "Blecaute" estava prevista –atingiria portos, aeroportos e rodovias.
Apesar do fim das operações-padrão, os sindicatos prometem outras manifestações ao longo do período de greve.
A decisão vale também para os policiais rodoviários federais, mas a reportagem não conseguiu contato com representantes da categoria.
NEGOCIAÇÃO
Hoje pela manhã, representantes dos delegados e dos peritos da PF fizeram um encontro de negociação com representantes do governo. A proposta feita pelo governo é de um reajuste de 15,8% escalonado até 2015.
De acordo com o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Marcos Leôncio Sousa Ribeiro, a categoria vai deliberar sobre a proposta nos próximos dias 22 e 23.
Para Paulo Paes, da Fenapef, as propostas do governo não contemplam outras reivindicações da categoria, como mais concursos para contratar novos policiais e valorização dos profissionais.