PF chama filha e genro de Serra para depor sobre sigilo, diz advogado do casal
O advogado Sérgio Rosenthal, que defende Verônica Serra e Alexandre Bourgeois, respectivamente filha e genro do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou ao R7 nesta quinta-feira (9) que a Polícia Federal deseja ouvi-los sobre o vazamento de seus dados fiscais.
Rosenthal disse que o casal não recebeu intimação. Segundo o advogado, ele é que foi procurado por um agente da Polícia Federal. Ele afirmou que irá nesta sexta-feira (10) pela manhã à Superintendência do órgão em São Paulo e adiantou que ainda não há data certa para que seus clientes compareçam.
– Amanhã eu estarei na Superintendência [da PF], na parte da manhã, para conversar com a autoridade, analisar os laudos e agendar o comparecimento deles para a semana que vem.
De acordo com o advogado, ao prestar depoimento, Verônica e Bourgeois estarão exercendo um “direito inerente a toda vítima de crime, que é o direito de participar das investigações”.
Rosenthal disse que ainda não conversou com a filha de Serra sobre o assunto. Verônica está no exterior, mas seu advogado garante que ela retornará assim que o depoimento for marcado.
O sigilo fiscal de Verônica Serra foi violado depois que um contador apresentou à agência da Receita Federal em Santo André (SP) uma procuração em que sua assinatura foi falsificada. Por este motivo, seu advogado disse que é natural que ela fale à Polícia Federal.
– É pertinente a convocação, na medida em que ela foi vítima de um crime material, o crime de falsidade de documento. Acho pertinente para que esses fatos fiquem devidamente documentados e comprovados nos autos.
Já no caso de Alexandre Bourgeois, o advogado disse ver com “estranheza” a convocação, já que outras pessoas que também tiveram o sigilo violado não foram chamadas pela Polícia Federal.
– O que me causa alguma estranheza é o fato de o marido estar sendo convocado, pois os dados fiscais dele foram violados sem a utilização de uma procuração falsa. Ou seja, da mesma forma como foram violados os sigilos de 1.500 [2.949] lá no escritório da Receita Federal em Mauá. E não me consta que essas 1.500 pessoas estejam sendo intimadas pela Polícia Federal.
Segundo Rosenthal, a convocação de Bourgeois mesmo sem a ocorrência de um crime como o de falsificação de documentos, como é o caso de sua mulher, é um indício de que haveria motivação política na quebra de seu sigilo.
– Eu só posso compreender isso como um indício de que a própria Polícia Federal trabalha com a hipótese de que essa violação tenha evidentemente conotação política.
Na última segunda (6), o corregedor-geral da Receita, Antonio Carlos D'Ávilla, afirmou que há indícios de que a servidora Adeildda Ferreira dos Santos, que trabalha em Mauá, acessou dados de 2.591 servidores aparentemente “sem motivo”. Entre agosto e dezembro de 2009, Adeildda teve acesso a informações de 2.949 contribuintes.
Rosenthal garantiu que, mesmo fora do país, Verônica “continua a cumprir com seus compromissos familiares e profissionais”.
– Ela tem interesse em que se apure isso de forma célere, até porque ela vê isso como o direito de uma cidadã. É um sentimento natural de qualquer pessoa que teve seu sigilo violado, que foi vítima de um crime.
De acordo com informações da Polícia Federal, o casal não é obrigado a comparecer se não quiser.
Fonte: R7