PF começa a investigação
A Polícia Federal começou, ontem, a fazer a perícia no computador da Receita Federal da Delegacia de Mauá para apurar o vazamento dos dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, e de outros dirigentes tucanos.
A ação foi autorizada pela Justiça. A PF também pediu a quebra de sigilo telefônico, bancário e fiscal da servidora de Mauá Adeildda Ferreira dos Santos para facilitar os cruzamentos de informações, identificar os intermediários que compravam os dados e desmascarar os mandantes.
A direção da PF determinou ainda que a superintendência em São Paulo ouça imediatamente a filha do candidato presidencial José Serra (PSDB), Verônica Serra, que teve os dados fiscais vazados ilegalmente na Delegacia da Receita de Santo André.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) arquivou, ontem, o pedido feito pelo PSDB para cassação da candidatura de Dilma Rousseff (PT) em consequência das quebras de sigilos fiscais. O corregedor-geral eleitoral Aldir Passarinho argumentou que não há provas de envolvimento da petista.
Mas na campanha, o caso envolvendo a filha de Serra ganha proporções cada vez maiores. Monopolizou todas as discussões de ontem e chegou ao horário eleitoral gratuito.
O programa de Serra explorou o episódio. “Mais uma vez adversários de José Serra tentam fazer uma armação para prejudicá-lo. Primeiro, violaram o Imposto de Renda de pessoas ligadas ao Serra. Agora, violaram o IR até da filha dele. É como se alguém usasse a sua senha de banco, vasculhasse a sua conta, invadisse a sua casa, revirasse as suas gavetas, só para te prejudicar”, acusou o locutor da propaganda. Foi exibida a manchete de O Estado de S.Paulo de ontem: “Receita tentou abafar violação do sigilo fiscal da filha de Serra”.
Em entrevista coletiva, depois de reunião com o presidente da Colômbia, Juan manuel Santos, em São Paulo, Serra afirmou que a estratégia do governo federal e do PT tem sido a de blindar Dilma nesse episódio e em toda a campanha.
Ele voltou a responsabilizar Dilma pela ação, demonstrou desconfiança sobre o rumo das investigações pela Receita e acusou a ex-ministra de ser uma candidata inventada e que esconde seu passado. Serra disse ainda que o PT desmoraliza a Receita com a ação de “arapongas” do partido.
Em Porto Alegre, Dilma disse que a acusação do PSDB e do candidato tucano José Serra contra ela é um ato “desesperado”. Dilma anunciou ações judiciais do PT no TSE e na Procuradoria-Geral da União contra Serra e o presidente do PSDB, Sérgio Guerra.
Dilma afirmou que as acusações são “levianas e não têm sustentação jurídica”. Ela levantou a hipótese de que as quebras do sigilo tenham ocorrido por disputa interna do PSDB na época. Em setembro de 2009, quando as violações aconteceram, o ex-governador de Minas, Aécio Neves, disputava com Serra a indicação para disputar a Presidência.
– O que eles querem é virar a mesa da democracia – afirmou Dilma.
Fonte: Diário Catarinense