PF desmonta fraude de R$ 1,5 bilhão

17 de outubro de 2007 07:00

Nos últimos cinco anos, chega a R$ 1,5 bilhão o total de impostos devidos e não recolhidos, além de correção monetária e multa que devem ser aplicadas contra as empresas envolvidas, segundo informou Gerson Schaan, coordenador-geral de Pesquisa e Investigação da Receita Federal. A base para o cálculo é o volume de produtos importados por meio da engenharia montada pelos fraudadores: eles declararam ao fisco ter comercializado US$ 500 milhões, mas a investigação indica que o montante real importado foi de US$ 1,2 bilhão no período.

A investigação, que durou dois anos, apontou que a Cisco, juntamente com a distribuidora Mud, atuavam nos EUA e no Brasil. Elas teriam montado uma rede de 14 empresas que tinham como sócias offshores -companhias sediadas em paraísos fiscais cujo nome dos sócios é protegido por um forte sistema de sigilo – e pessoas de poder aquisitivo incompatível com o volume de dinheiro que giravam, ou seja, laranjas.

O resultado é que os mentores do negócio blindaram os verdadeiros beneficiários das transações, no Brasil e no exterior. O sigilo lhes garantiu sonegar impostos, subfaturar valores de produtos e simular descontos de até 100% dos montante negociado. Assim, o grupo chegava a uma redução de até 70% no preço dos produtos que comercializava.

O saldo da Operação Persona, até a noite de ontem, apresentava o cumprimento, nos Estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, de 93 mandados de busca e apreensão de produtos e documentos, além de 40 prisões, entre as quais a dos presidentes da Cisco no Brasil, Pedro Ripper, e da Mude, Moacir Álvaro Sampaio, e a do ex-presidente da multinacional no país Carlos Roberto Carnevale. Também entre os presos estão seis auditores da Receita (dois aposentados).