PF diz ter apreendido mais de 100 obras de arte na casa de Duque

16 de março de 2015 12:56

A Polícia Federal afirmou ter apreendidos 131 obras de arte na casa do ex-diretor de Serviço da Petrobras Renato de Souza Duque, preso pela segunda vez nesta segunda-feira (16) durante a 10ª fase da Operação Lava Jato.

Duque é suspeito de participar do esquema de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro dentro da estatal.

 

A 10ª fase da Operação Lava Jato resultou também na prisão preventiva do empresário paulista Adir Assad. De acordo com o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Roberson Bozzobon, Assad aparece como um novo operador do esquema de propina, atuando junto às empresas prestadoras de serviço à Petrobras.

 

Ainda foi preso Lucélio Góes, filho de Mário Góes, apontado pela Polícia Federal como um dos operadores do esquema e que está detido desde fevereiro deste ano. De acordo com Bozzobon, o pedido de prisão contra Adir Assad foi estruturado após a apreensão de notas fiscais na casa de Mário Góes.

Há ainda mais duas pessoas que foram presas temporariamente. Sônia Marisa Branco e Dario Teixeira Alves eram, conforme a investigação, "laranjas" do esquema.

Um mandado de prisão temporária contra Sueli Maria Branco chegou a ser expedido. A suspeita, porém, segundo a Polícia Federal,  já faleceu.

"Essas pessoas mantinham contato com os corruptores e eram peças fundamentais dentro da organização criminosa investigada pela Lava Jato”, explicou o procurador.

De acordo com Bozzobon, obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e da Refinaria de Paulínia, no interior de São Paulo, foram usadas para o desvio de dinheiro.

“Essas pessoas presas hoje estavam relacionadas aos subnúcleos de operadores financeiros que tinham relações em comum. Eles comungavam de depósitos em contas idênticas no exterior e também participavam mediante realização de contratos ideologicamente falsos”, disse o procurador.

Todos os presos irão se juntar às outras 16 pessoas consideradas suspeitas de participação no esquema da Lava Jato que estão presas na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.

Também foram apreendidos com os investigados documentos, como notas fiscais, e outras mídias que, conforme o Ministério Público Federal, serão analisados posteriormente.

Obras

Durante este ano de fases e ações da Operação Lava Jato, as apreensões de obras de arte têm sido frequentes. Outras 63 obras, que estavam em posse dos investigados e que foram apreendidas pela polícia, estão no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba. Algumas, inclusive, integraram uma exposição.

As obras são de artistas renomados como Amílcar de Castro, Salvador Dalí, Pedro Motta, Vik Muniz, Miguel Rio Branco e Sérgio Sister, Romero Britto, Di Cavalcanti, Gerardenghi, Gomide, Heitor dos Prazeres, Iberê Camargo, Mario Gruber, entre outros.

Estas novas obras apreendidas também devem ser encaminhadas para o MON, segundo o Ministério Público Federal.

Décima Fase

Conforme a Polícia Federal, nesta 10ª fase, serão cumpridos três mandados de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão.

A nova etapa foi batizada de "Que país é esse".

De acordo com os policiais, o nome faz referência a uma frase dita por Duque quando foi preso pela primeira vez, em novembro de 2014.

O novo pedido de prisão contra Duque foi motivado pela movimentação financeira feita por ele no exterior, já com a investigação em curso.

Ao despachar favorável ao mandado de prisão, o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato em primeira instância, afirmou que o ex-diretor de Serviços da Petrobras "esvaziou" contas na Suíça e enviou € 20 milhões para contas secretas no principado de Mônaco. O dinheiro, que não havia sido declarado à Receita aFederal, acabou bloqueado pelas autoridades do país europeu.

“Autoridades estrangeiras comprovaram que Duque recentemente movimentou seus recursos de contas na Suíça titularizados por ele para contas de outros países na Europa. Notadamente, o principado de Mônaco, ao qual recebeu ainda no segundo semestre de 2014 quantia que superava R$ 5 milhões”, disse o procurador.

O G1 tentou contato com o advogado que representa Duque, porém, não obteve sucesso.