PF e PGR buscam esfriar ânimos após guerras de versões
Um dia após a Polícia Federal (PF) divulgar uma nota oficial negando qualquer pedido feito à subprocuradora da república, Cláudia Sampaio, para arquivar a Operação Vegas, tanto a PF, quanto a Procuradoria Geral da República (PGR), falam agora em retomar a união de forças entre os dois órgãos.
A guerra de informações sobre o destino da Operação Vegas começou na semana passada e criou uma crise institucional entre a PF e a PGR. O delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques disse à CPI do Cachoeira que remeteu um pedido para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, investigasse o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) por supostas ligações com o bicheiro.
Até antes da Operação Monte Carlo, Gurgel congelou as investigações contra Demóstenes alegando falta de elementos que embasassem um pedido para instauração de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Deputados e senadores criticaram a postura de Gurgel. Nessa semana, Cláudia Sampaio disse que o pedido para paralisar as investigações contra Torres partiram da PF.
A troca de acusações causou revolta de associações de procuradores federais e também de delegados e agentes da Polícia Federal. Entidades como a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) emitiram notas oficiais defendendo seus filiados.
Oficialmente, já existe dentro da PGR um movimento para tentar esfriar os ânimos e retomar a boa relação com a PF. Agentes e delegados da PF ouvidos pelo iG também demonstraram a mesma preocupação. Nesta terça-feira (15), uma nota oficial da ADPF, após reafirmar a idoneidade dos delegados responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo, Raul Alexandre Marques Sousa e Matheus Mela, ratificou esse movimento ao afirmar “o enfrentamento à corrupção e ao crime organizado é tarefa que compete a ambas as instituições – MP e Polícia Federal. Eventuais e pontuais divergências apenas geram indesejável conflito entre instituições e devem ser evitadas”.
“A sociedade brasileira espera que essas instituições trabalhem de maneira irmanadas, com respeito mútuo as suas respectivas atribuições constitucionais”, complementou a nota em seguida. A própria subprocuradora da República, Cláudia Sampaio, evitou responder às declarações da PF. Para ela, esse é um assunto considerado encerrado.