PF entra na investigação de denúncias supostamente montadas contra Agnelo
Acusações forjadas com o objetivo de prejudicar o candidato do PT ao Palácio do Buriti, Agnelo Queiroz, serão investigadas pela Polícia Federal. O petista pediu ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que a corporação apure as acusações divulgadas na edição de ontem do Correio. Se comprovada a ligação da adversária Weslian Roriz (PSC) aos supostos crimes de compra de falso testemunho e de fraude na produção de inquérito policial, os advogados de Agnelo entrarão com um pedido de inegibilidade da esposa do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal contribuirá na investigação de um dos casos, o que envolve o advogado Clauber Madureira Guedes da Silva. Ele teria oferecido dinheiro para conseguir depoimento em desfavor do político. A entidade decidiu abrir processo contra o profissional.
A reportagem apresentou a transcrição de trechos de um vídeo em que o contador Miguel Santos Souza recebe do advogado uma proposta de R$ 200 mil para incriminar Agnelo durante um depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal durante a Operação Shaolin — que apurou suposto desvio de dinheiro do Ministério do Esporte à época em que o petista era o titular da pasta. Segundo a testemunha, Clauber, que na gravação é chamado de Glauber, se apresentou como um intermediário da coordenação da campanha do clã Roriz. Além do dinheiro, o advogado teria ofertado um cargo no eventual governo de Weslian para conseguir que o contador falasse à polícia afirmando ter visto Agnelo receber recursos públicos ilícitos. O flagrante foi feito pela polícia a pedido de Miguel, dois dias antes do depoimento oficial.
Clauber teria se aproximado do contador quando este foi preso com outros quatro investigados pelo Ministério Público do DF na Operação Shaolin. Quando houve a negociação entre eles, a atual candidata Weslian Roriz ainda não havia substituído o marido na chapa. Apesar de o advogado ter negado o conteúdo do vídeo à Polícia Civil, a coordenação jurídica da campanha petista sustenta que a filmagem é prova suficiente para abrir uma investigação em âmbito federal sobre o suposto crime eleitoral. "A corrupção de testemunha é crime eleitoral porque foi feita para prejudicar o processo e mudar a vontade do eleitor", argumenta um dos advogados de Agnelo, Luis Carlos Alcoforado.
Em nota oficial, a OAB-DF informou que abrirá processo éticodisciplinar para apurar a conduta de Clauber, porque conforme o texto, em tese, a conduta viola o Código de Ética e Disciplina da entidade. De acordo com outro trecho da nota, será garantido ao advogado amplo direito de defesa, com os meios e recursos a ele inerentes. Caso seja comprovada a irregularidade, o profissional sofrerá as penas da lei.
Pedofilia
Outra denúncia apresentada, no fim da manhã de ontem, pelo candidato do PT ao ministro da Justiça é a de falsificação de um inquérito policial em que Agnelo seria investigado por um suposto crime de pedofilia contra uma paciente em Aparecida de Goiânia (GO). O episódio teria ocorrido em 1985, quando o candidato atuava como médico no município. A pedido da Polícia Civil do DF, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás analisou o material e apontou indícios de que o suposto inquérito é uma fraude.
As inconsistências encontradas pela polícia goiana, no entanto, não são suficientes para fazer a conexão da produção do documento falso com a coordenação da campanha da ex-primeira-dama. Mediante a dúvida da autoria do crime, a defesa de Agnelo pediu que a Polícia Federal conduza a investigação. "Não há ainda prova forte e conclusiva de que houve a construção (do inquérito) pelos adversários, ao contrário do outro caso. Por isso, provocamos a PF para investigar a origem da certidão."
Luiz Paulo Barreto considerou "graves" as acusações manipuladas contra Agnelo e pediu a abertura de apuração. “A situação é grave. Encaminhamos as denúncias imediatamente para a Polícia Federal, que vai avaliar se houve crime eleitoral, e, se for o caso, será aberto inquérito imediatamente”, afirmou ao Correio. Em nota oficial, o governador Rogério Rosso “repudiou veementemente qualquer tentativa escusa de macular o processo eleitoral”.
Agnelo disse que não há mais como tolerar esse tipo de prática do grupo rorizista. "É uma prática covarde, sórdida, brutal e atrasada de produzir escândalos, onde são pagos vigaristas e mercenários para atingir o adversário", critica. Ele disse que a maneira de fazer política da família Roriz mostra a faceta de um time de derrotados e desesperados, “que bota sua turma do crime para tentar alterar o resultado da eleição e tentar se manter no poder a qualquer curso”. “O povo do DF vai acabar com essa prática”, almeja ele. (Colaborou Edson Luiz)
Memória
Desvio de erba pública
A investigação foi deflagrada em junho de 2008, com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão no escritório de um dos apontados no esquema: o contador Miguel Santos Souza. Na ocasião, os policiais localizaram 49 notas fiscais emitidas pelas empresa Infinita e Serviços Gerais LTDA. e JG Comércio de Alimentos Preparados e Serviços Gerais LTDA., ambas administradas por Miguel. As duas entidades receberam um total de R$ 2.962.998 milhões do convênio com o Programa Segundo Tempo do Ministérios do Esporte. Destes, o grupo é acusado de desviar R$ 1.999.850,58. As notas foram emitidas em favor da Febrak e da Associação João Dias de Kung-Fu e apresentadas na prestação de contas ao Ministério do Esporte. Análise da Polícia Civil comprovou que as notas eram frias.
Professores recebem ropostas de petista
[FOTO2]Antes de encontrar o ministro da Justiça, Agnelo Queiroz reuniu-se com professores da rede pública do DF na sede do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Ele entregou uma carta aos docentes com as propostas do plano de governo para atender as demandas da categoria. Aumento de salário, abertura de concurso público e nomeação de profissionais já aprovados em concurso.
Segundo Agnelo, a revisão dos valores da folha de pagamento dos professores será feita pelo reajuste do índice do Fundo Constitucional. “Vamos garantir a reposição de perdas e um salário digno e decente que motive os professores a se dedicarem integralmente.” A qualificação profissional, com cursos de mestrado e doutorado, também será facilitada, assim como será criada uma política habitacional criada especialmente para a categoria. O concorrente do PT quer transformar a capital do país na primeira cidade a se livrar do problema do analfabetismo. Disse ainda que estimulará a leitura em todas as regiões do DF, nas bibliotecas, nas escolas e nos pontos de ônibus.
Para colocar em prática as promessas, Agnelo pediu votos para ele e para a presidenciável do partido, Dilma Rousseff, cujos índices de intenções de voto têm apresentado queda. Sem a ajuda do governo federal, o petista terá mais dificuldades para executar os compromissos. Por isso, a cada dia de atividade na rua é reforçado o apelo de mobilização em prol de Dilma. Entraram no coro os senadores eleitores Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB), que marcaram presença ontem perante aos professores. Uma das táticas para conseguir a simpatia dos eleitores à presidenciável é atacar o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Tendo o poder, a elite brasileira quer inverter a lógica de distribuição de renda. Sobretudo a elite paulista, que não tolera ser governado por um nordestino”, afirmou Agnelo.
O candidato do PT ganhou mais um deputado na sua bancada na Câmara Legislativa com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que aceitou o registro da candidatura de Benício Tavares (PMDB). Ele é um dos deputados citados no inquérito da Operação Caixa de Pandora. Benício também envolveu-se em um escândalo de turismo sexual em 2004. Ele acabou absolvido da acusação em março deste ano. Sobre a nova adesão, Agnelo disse que não há como questionar o voto popular e que as acusações contra o aliado devem ser investigadas nas instâncias adequadas. (LM)
Fonte: Correio Braziliense