PF golpeia megaquadrilha de cocaína
Uma das maiores apreensões de cocaína da história do Rio Grande do Sul selou o golpe que a Polícia Federal deu ontem em uma das maiores quadrilhas em atuação na região Sul. A organização movimentava mensalmente 500 quilos de cocaína importada de cartéis bolivianos. Entre os presos estava o homem suspeito de ser o seu líder do bando, Ademar Fracalossi, 40 anos, conhecido como Batista.
Pelo menos 300 agentes atacaram 52 pontos em 13 cidades de três Estados. No total, 54 suspeitos foram presos em flagrante ou por ordem judicial. A Operação Colméia resultou na apreensão de pouco mais de 200 quilos de cocaína, cerca de 250 quilos de produtos químicos usados no refino da droga, 45 veículos, R$ 200 mil, revólveres, pistolas e documentos sobre a movimentação financeira do bando.
A estrutura da quadrilha que dominava o abastecimento de drogas na Região Sul começou a ser descoberta a partir de uma operação da PF na Serra, em março deste ano, quando foi desmontada uma conexão entre Caxias do Sul e a Bolívia.
A ação encerra pelo menos 10 anos de procura por indícios e provas que ligassem Fracalossi ao tráfico de drogas. De acordo com o delegado Noerci da Silva Melo, titular da Delegacia da Polícia Federal (DPF) de Caxias, ele era uma lenda no submundo do crime. Era apontado como homem inatingível, que ocultava sua rede de tráfico com um patrimônio estimado em R$ 30 milhões.
– Cada vez que prendíamos um traficante havia referência sobre o tal Batista. Nunca conseguíamos provas. O Fracalossi era uma lenda no tráfico. E como ele já não colocava mais a mão na droga, precisamos desmontar toda a rede de traficantes que sustentava a quadrilha para chegar até ele – explica o delegado.
As primeiras provas concretas contra Fracalossi, natural de São Luiz Gonzaga, vieram com o desmonte de uma esquema que abastecia a Serra com cocaína boliviana. Em seis meses de investigação foram interceptados pelo menos cem quilos de cocaína em operações isoladas no Rio Grande do Sul.
– A cada apreensão que fazíamos, havia deslocamento de drogas entre os sítios que serviam como base para a quadrilha. Esses locais funcionavam como laboratórios e centros de distribuição da cocaína reprocessada – comenta o delegado Noerci.
Às 6h de ontem, 30 equipes desencadearam a operação para desarticular a quadrilha em Caxias, Porto Alegre, Gravataí, Pirapó, São Luiz Gonzaga, Uruguaiana, Venâncio Aires, Glorinha e Viamão. Nesta última cidade funcionavam os laboratórios, divididos em 10 sítios. Fracalossi foi preso em seu apartamento, em Porto Alegre, com a noiva. Também foram cumpridos mandados de busca e prisão em Araranguá, Meleiro e Balneário Camboriú, em Santa Catarina.