PF investiga mistura de recursos do ProJovem e do Detran
A investigação abrange municípios da Grande Porto Alegre que recebem verbas do ProJovem, um programa de estímulo à volta de alunos jovens à sala de aula.
Escutas telefônicas feitas pela Operação Rodin, que apurava fraude no Detran, interceptaram diálogos em que duas pessoas relatam uma série de empréstimos envolvendo o ProJovem. Segundo interpretação dos investigadores, a conversa revelaria a combinação do uso de dinheiro destinado a um programa para pagar compromissos de outro.
O superintendente da PF no Estado, Ildo Gasparetto, determinou que os diálogos sejam analisados dentro do inquérito que investiga os contratos do ProJovem. Ainda não há certeza de ilegalidade nas transferências de dinheiro entre os dois programas, mas chamou a atenção dos policiais a liberalidade com que os recursos transitam entre o Detran e o ProJovem – dois programas independentes e que não deveriam ter, em tese, suas verbas misturadas.
Os dois homens gravados, Ipojucan Seffrin Custódio e Helvio Debus de Oliveira Souza, prestavam serviços para a Pensant, empresa envolvida tanto na intermediação de contratos do Detran quanto no ProJovem.
Helvio era secretário-executivo da Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e Cultura (Fundae), encarregada de realizar as provas para carteiras de motorista no Detran e também de treinar professores para o ProJovem. É réu na Operação Rodin por estelionato e locupletação em dispensa de licitação. Ipojucan era sócio da GCPLAN, que prestava consultoria para a Pensant na área de recursos humanos.
Até agora, foram ouvidas seis pessoas no inquérito
Responsáveis pelos recursos, os coordenadores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) não foram localizados ontem para comentar as suspeitas investigadas pela Polícia Federal.
O inquérito sobre o ProJovem aborda suspeitas de irregularidades ocorridas na aplicação do programa em Porto Alegre, mas deve agora ser ampliado para outras cidades mencionadas nos diálogos. Será averiguado se estudantes que não comparecem às aulas receberam as bolsas de R$ 100 a que teriam direito, mesmo sem ir à escola.
Foram ouvidas seis pessoas no inquérito, até agora. Para esclarecer a situação do ProJovem, a PF trabalha também na análise de seis caixas de documentos apreendidas nas sedes da Pensant e da Fundae, durante a Operação Rodin. O inquérito foi enviado à 2ª Vara Federal Criminal e retornou à polícia, para novas investigações.